Poema de Maria Aparecida Dellinghausen Motta
Campesinas
Marcha permanente, intermitente
dessas mulheres valentes
pelas ruas, praças e campos abertos.
Marcha constante em alerta –
marchas por vezes mortas,
mas que não matam os sonhos
das mulheres que professam a fé no futuro
dos filhos, do a b c que soletram
diariamente, diuturnamente.Quem são estas mulheres que marcham?
Campesinas que carregam nos ombros a enxada,
o xale, o filho, a dignidade.
Marcham e carregam, como formigas concisas,
as folhas, os gravetos, os sonhos
e espalham-se em busca
do farto plantio, da colheita dourada.
Obstinadas campesinas seguem adiante
no fronte onde martelam a violência
que no caminho as persegue.
Com a fronte erguida encaram o fuzil,
vidas amargas, mas não esmorecem.
São campesinas de longas estradas
buscando o forte para o justo abrigo
da semente, do fruto, do fruto do ventre.São campesinas que marcham
ao lado dos homens, das mulheres guerreiras,
dos filhos, dos velhos e irmãos
em busca do forte onde germinarão
as sementes e o amor.
São viçosas flores que despontam do rude labor.
por Maria Aparecida Dellinghausen Motta | Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado