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Segunda-feira, Novembro 4, 2024

Carnaval de Torres Vedras é Património Cultural Imaterial nacional

Joaquim Ribeiro
Joaquim Ribeiro
Jornalista

A Direcção Geral do Património Cultural (DGPC) anunciou no passado dia 25 de Março a aprovação do pedido de registo do Carnaval de Torres Vedras no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, apresentado pela Câmara Municipal. O processo teve início em Novembro de 2016, em 2021 teve lugar a consulta pública e agora veio a aprovação.

O anúncio da DGPC destaca a “importância de que se reveste esta manifestação do património cultural imaterial enquanto reflexo da identidade da comunidade envolvente e os processos sociais e culturais nos quais teve origem e se desenvolveu a manifestação do património cultural imaterial na contemporaneidade”.

Na ficha de património imaterial pode ler-se “que a singularidade da festa consiste” no facto de serem dois homens a desempenhar os papéis de Rei e Rainha, na existência de uma “dinastia” dos títulos dos reis, na matrafona como fenómeno social e colectivo, no ritual de chegada dos Reis à Estação Ferroviária e na entrega das chaves da Cidade.

O registo realça, ainda, o envolvimento e participação da comunidade na produção e reprodução da festa, “quer pela forte participação das associações carnavalescas ou foliões na festa, quer pelo investimento canalizado pelos indivíduos na selecção e preparação ou aquisição da máscara e fantasia e reforço de redes de sociabilidade no seio dos grupos e comunidade”.

O reconhecimento das celebrações carnavalescas surge quando começam a ser preparadas as comemorações dos 100 anos do Carnaval de Torres Vedras. O plano que irá assinalar a efeméride foi apresentado no passado dia 17 de Fevereiro, no Centro de Artes e Criatividade de Torres Vedras. Recorde-se que o equipamento promove o desenvolvimento de práticas artísticas e da criatividade como forma de inclusão social e assume a missão de salvaguardar e divulgar o espólio documental e artístico relacionado com o Carnaval de Torres Vedras.

Na ficha do Carnaval de Torres Vedras, que está agora catalogada no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial com o número PROC/0000000054, está escrito que “consiste numa festividade, de cariz urbano, baseada num conjunto de manifestações sociais, performativas e rituais, que os seus detentores reconhecem como fazendo parte integrante do seu património cultural, sendo transmitida e recriada de geração em geração. O Carnaval é assim uma manifestação cultural protagonizada por toda a comunidade, independentemente da proveniência geográfica (meio urbano/rural), de género ou de idade, visto ser uma manifestação fortemente enraizada no seu referencial identitário colectivo”.

“Associada à tradição dos reis do Carnaval, existe uma dinastia dos títulos dos reis, os quais mudam anualmente (mesmo que o reinado dure mais tempo). Os nomes são escolhidos satirizando os assuntos mediáticos contemporâneos. A linhagem real teve início em 1923 (sem rainha) e a partir de 1924 (com rainha). Os primeiros representantes foram Álvaro André de Brito (rei) e Jaime Alves (rainha)”, pode ler-se ainda na respectiva ficha.

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