Em Portugal não há o hábito de as pessoas se tratarem por tu utilizando-se o você. É uma questão de respeito, argumenta-se. Em Espanha usa-se a segunda pessoa do singular e, temos que admitir, que há muito mais respeito nas relações inter-pessoais nas empresas espanholas do que nas portuguesas.
Apesar de tantos ”senhores doutores”, “senhores engenheiros”, “você” etc. a realidade é que o respeito funciona pior em Portugal do que em Espanha. A imposição terminológica não se mostra eficaz.
A questão do respeito, da discriminação e outras, não está nas palavras. Prende-se com atitudes e comportamentos.
As palavras podem ajudar ou dificultar mas não me parece que o “Cartão de Cidadão” tenha sido, seja ou venha a ser um desses casos.
Seria interessante apurar quantas mulheres portuguesas se sentiram ou sentem descriminadas pela designação “Cartão de Cidadão”. Num país altamente criativo (o que é positivo) concluir-se-ia, porventura, que o Bloco de Esquerda usou da sua criatividade para inventar esta questão (o que é negativo).
Há gente que não tendo nada mais sério com que se ocupar se entretém com estas inutilidades.
Claro está que o faz com bons ordenados saídos dos impostos que todos pagamos.
Pergunta-se, o que se segue?
Se calhar “portugueses” é o próximo catalisador da batalha anti descriminação de género. Em vez de “os portugueses deram um novo mundo ao mundo” teremos “os portugueses e as portuguesas deram novos mundos ao mundo”. Gasta-se mais tinta, mais papel, mais tempo a escrever, ficamos ainda mais palavrosos, etc.
E quem sabe se alguém se vai lembrar de batalhar por WC’s únicos. Sempre se poupava em espaço e obras.