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João de Sousa

Sexta-feira, Novembro 1, 2024

«Cartel do Fogo» ou Lobbies dos incêndios?

João de Sousa
João de Sousa
Jornalista, Director do Jornal Tornado

Jornal espanhol investiga o «cartel do fogo» em Portugal e revela um terrível retrato do negócio do fogo. Numa reportagem  intitulada “O Cartel do Fogo” a TVI dá continuidade a um artigo publicado na Visão, de 23 de Junho que, por sua vez, segue um artigo publicado no El Español do país vizinho, e os dois recentes artigos publicados no jornal online CTXT, igualmente de “nuestros hermanos”, e reduz aos meios aéreos os interesses envolvidos nos incêndios.

O que há de errado nisto? Aparentemente é serviço público: expor indícios de corrupção provenientes de um sector de actividade. E, até aqui, tudo bem. Mas, à semelhança do prestidigitador, que acena com uma bandeira na mão direita enquanto faz o truque com a esquerda, esta reportagem que, aparentemente, tão bem expõe um conjunto de interesse e de práticas condenáveis relacionadas com a contratação de meios aéreos, ao mesmo tempo esconde um conjunto de outros, muito mais onerosos para o Estado – envolvendo muito mais sectores de actividade – e até interesses corporativos que entre nós são protagonizados por um sujeito de quem se desconhece qualquer competência para opinar no que a incêndios (ou a qualquer outra matéria, diga-se de passagem) diz respeito: Jaime Marta Soares, cuja biografia anexamos num retrato eloquente feito por João Miguel Tavares publicado no jornal Público de 31 de Outubro.

Além destes interesses, que não estão devidamente apurados por razões políticas, mas há alguns evidentes, como: fardas, botas, carros, imobiliários, ordenados durante o combate aos fogos e muitos outros, há ainda os das celuloses e os dos madeireiros, em que as razões para a impunidade são económicas. Tudo isto custa ao Estado muito mais que os meios aéreos. Enquanto os incendiários detidos forem sempre “pastores” e indivíduos “alcoolizados”, sem apurar quem são os mandantes, o diagnóstico será sempre errado e, consequentemente, a terapia também.

Quanto custa ao Estado a estrutura, a nível nacional, dos BV? E quanto custaria uma outra profissional? Estas palavras não devem ser tomadas como um ataque aos Bombeiros Voluntários no seu todo, mas sim uma condenação clara e veemente do Presidente da Liga que, para manter o seu lugar ao sol, está disposto a comandar um exército de jovens bombeiros e bombeiras – sem preparação para combater incêndios florestais e, em muitos casos, nem para conduzir os auto-tanques que matam mais que o fogo – verdadeira carne para canhão dos interesses daqueles que se servem dos Bombeiros em vez de os servir.

Esta é a verdadeira razão porque Jaime Marta Soares não quer formação profissional adequada nem certificações nem o controle da Protecção Civil.

Ver Documentos anexos

«Portugal parece hechizada por el shock de los fuegos. Mientras, el hiperactivo presidente de la República, Marcelo Rebelo de Sousa, se mueve más que un bombero entre incendio e incendio para proclamar que está, estamos, ante una «causa nacional». Quizá lo que Rebelo de Sousa y el país entero tiene enfrente es un caso de corrupción generalizada que consume decenas de miles de hectáreas de espacios naturales al año…»

(…) Por supuesto las intenciones de manipular el mercado en Portugal se mantuvieron durante años hasta el día de hoy. En un correo de 2012 enviado por Arqué a Huerta y a Francisco Alandí, se explica: “Os quiero informar que la Alta Dirección del Grupo está de acuerdo en llevar adelante el proyecto de colaboración multinacional para ampliar las operaciones en Portugal, Francia e Italia. Todo ello con la adquisición de los aviones que sean necesarios”, y que “ambas partes —Avialsa e Inaer— declaremos nuestra intención de negociar los correspondientes contratos, que supongan, por un lado la adquisición de los aviones, y por otro la entrada de Inaer en los contratos de Operación Portugal y Francia en la medida que se acuerde para el año 2013”. La adquisición de aviones ad hoc no podía corresponder sino a una estrategia a largo plazo. En el mismo correo se indica su intención de influir en las instituciones estatales Vigili del Fuoco, italiana, y Sécurité Civile, francesa.

Otro de los nombres que suena con frecuencia es el de Carlos Craveiro, ex piloto de Avialsa, gerente de Agro-Montiar, y también investigado y cuya implicación queda bien clara en los correos mencionados más arriba. A pesar de que Craveiro aparece repetidas veces tanto en la causa abierta en la Audiencia Nacional como en la abierta por la Procuradoria portuguesa, continúa desempeñando funciones para empresas públicas y privadas. Sin ir más lejos, fue el designado como  comandante y director de operaciones de las pruebas de un avión Air Tractor en Madeira, adonde se desplazó el 2 de mayo de 2017 para demostrar su idoneidad como instrumento de combate al fuego en el archipiélago. El Airt Tractor por supuesto pertenece  a Avialsa, y un mes más tarde el Ministerio de Administração Interna confirmaba las buenas aptitudes del avión. Otro contrato para Avialsa, esta vez con el Gobierno Regional de Madeira.

El abogado defensor de Heliportugal, Pinto Coelho, aunque sin hacer acusaciones, también puso el punto de mira sobre otra persona: Filipe Lobo D’avila, director del Centro de Arbitraje de la Cámara de Comercio Luso-Española. Además de tener un perfil político de alto nivel —exdiputado, ex secretario de Estado de la Administração Interna, ex alto funcionario del Ministério da Justiça—, D’avila también es abogado, y fue el que defendió a Everjets cuando ésta interpuso una demanda precisamente al Ministerio de Administração Interna —MAI—. Lo particular del caso es que Everjets tramitó su demanda cuando D’avila era secretario de Estado en la MAI, y cuando D’avila salió del MAI, fue el abogado defensor contra el propio ente.”

Fonte: ctxt: Quemando dinero público en España y Portugal – El cártel del fuego (y II)

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