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Quarta-feira, Julho 17, 2024

Casar com flores

Vitor Burity da Silva
Vitor Burity da Silva
Professor Doutor Catedrático, Ph.D em Filosofia das Ciências Políticas Pós-Doutorado em Filosofia, Sociologia e Literatura (UR) Pós-Doutorado em Ciências da Educação e Psicologia (PT) Investigador - Universidade de Évora Membro associação portuguesa de Filosofia Membro da associação portuguesa de Escritores

Dormira tempos infinitos naquele esplendor especado à porta, a casa era uma moradia sem varandas e nem sequer escadas existiam. Ouviam-se passos a qualquer hora, quer fosse noite ou dia, e de que sorrisos se plantavam esquilos como os que havia visto em criança ainda numa televisão qualquer, um retrato decorado nas paredes do meu olimpo seco porque não chovia havia anos.

Ser o trapezista nesta única pétala da vida a que chamaríamos plasmo, sim, são as gotas deste tão silencioso orvalho de manhãs frias e quentes e sei lá que mais, são o sussurro do desfile neste casamento sem pares, somos tantos nesta fotografia filosofada para encantar, apenas isso, o resto, são quimeras de grandes poetas que a vida e o vício levou.

Caso-me com a verdade dos meus ímpetos, esses sim, são os que me levam ao altar e sem picos beijar o desejo, sentir a névoa dos desertos neste rosto de desencanto enquanto me encantas com núpcias e vestidos decorados para encantar o homem que receberá no fim da festa os dinheiros dos retratos mal tirados.

Como um trapezista no lego dos teus sonhos construir-te devagar e montar contigo este cheiro de brumas que rodopiem os cantos mais secretos e sagrados da nossa casa neste lego de papel que assino para te amar…

que raios, ter de assinar para amar…

mas não, sou apenas um trapezista que repito enquanto escrevo e te falo do que sou neste descer lento de sonhos coloridos na tela mais breve do teu rosto.

As casas do tempo com flores no rosto vagueiam salubres a saudade doce dos silêncios nelas acoplados, como nuvens de vertigem na sombra de janelas envidraçadas qual o brilho do beijo ofuscado na mão sábia da verdade.

Ali o adorno de contornos ladeando a saudade, tudo flores na lapela e o regedor nas relvas contando espaços para sobrevirem os vícios do antigamente tão integrado na cabeça das gentes que ali inventávamos para completar o espólio, vidros e brilhos num jardim de beijos onde casaria um dia com a mais bela de todas:

“a minha”

Nada escolhida, verdade, não se pedem beijos, os tais que surgem quando menos se espera e a gente se encanta com tanta beleza a percorrer-nos o rosto tal a felicidade de sentir a saliva doce dos abraços nesses beijado beijados como corpos de jardins encontrados numa esquina qualquer da vida.

Por isso e ainda assim, nada imploro, desejo apenas como quem sorri uma alegria devagar e logo pela manhã:

“casar com flores”


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