A equipa de neurocirurgia do Hospital de S. José poderia ter sido chamada para operar David Duarte, o paciente que ali deu entrada em 11 de Dezembro passado, com um aneurisma cerebral e que acabou por falecer.
Ouvida esta Terça-feira na Comissão de Saúde da Assembleia da República, a presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central, Teresa Sustelo, disse que “em caso de vida ou morte” seria normal que se chamasse a equipa médica que não iria negar-se a fazer a intervenção. Neste caso, isso não aconteceu, segundo aquela responsável, porque o médico que fez o atendimento “estava absolutamente convencido que o doente conseguia superar e sobreviver” ao longo do fim-de-semana, até que a equipa médica entrasse ao serviço na Segunda-feira.
Por essa razão, também não terá sido pedida a intervenção dos serviços da especialidade do Hospital de Sta. Maria, nem colocada a hipótese de o transferir. É que as boas regras internacionais “mandavam que este doente estivesse monitorizado e completamente estabilizado” até haver uma equipa especializada disponível para intervir. O falecimento acabou por dar-se em resultado de ter acontecido “um agravamento rapidíssimo do seu estado neurológico”.
Durante a manhã, também o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Carlos Martins, já havia dito aos deputados que ao Hospital de Sta. Maria não chegou qualquer pedido de apoio. No entanto, numa primeira fase, ele próprio teve a indicação de que teria existido esse pedido, ao qual os serviços que dirige não teriam dado a devida resposta. Foi por essa razão que entendeu colocar o seu lugar à disposição do ministro da tutela – esclarecendo, contudo, que não se demitira, ao contrário do que, na altura, foi afirmado o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.
Carlos Martins revelou que, no Sta. Maria, a regra que vigorava, desde 2008, nesta especialidade era a de haver uma equipa de prevenção ao fim-de-semana, que era chamada ao hospital sempre que isso se justificava. Na sua opinião, aquele revelou ser um bom sistema, uma vez que nunca se terá registado qualquer problema, nem ocorrido qualquer morte por falta de assistência.