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João de Sousa

Sexta-feira, Novembro 1, 2024

Causas, consequências e significado da saída do Afeganistão… Que fazer?

A retirada americana do Afeganistão foi um naufrágio que confirmou, mais uma vez, como Camões tem razão: um fraco rei faz fraca a forte gente.

Biden revelou-se um fraco rei. A execução da manobra de retirada foi um desastre que fraca fez a forte gente. Esta “árvore” (a triste manobra de Biden) não deve, porém, impedir-nos de ver a “floresta” (o quadro estratégico em que esta retirada acontece).

É, por isso, muito aborrecido e cansativo todo o “bombardeamento” de litanias pacóvias à volta do assunto, de “análises” que são, de facto, banalidades ideológicas, discursatas normativas e vagamente moralóides, narrativas lineares e residuais das velhas políticas do século passado e tretas quejandas. Até o Papa não soube conter-se e veio meter uma “colherada” de moralismo terceiro-mundista…!

Esta retirada (há várias anos programada) assinala o fim de uma época marcada pela decisiva influência do “trotskismo de direita” e seu “state building” na política externa americana e o regresso a um realista “back to the basics” da geoestratégia americana.

E, sobretudo, assinala a passagem de um quadro estratégico de “war on terror” para um outro, bem distinto, de afrontamento dos “great powers” numa “unrestricted-warfare”.

Porém, saber o que isto significa e que possíveis consequências permite exige conhecimento, inteligência e “intelligence”, adequadas “grelhas de leitura” e domínio teórico dos quadros estratégicos. Todo um conhecimento, portanto, muito para além das banalidades e narrativas ideológicas e moralóides…

Com esta saída do Afeganistão, os USA abandonam, definitivamente, quadros do século XX, suas problemáticas e outras “distrações” e entram no novo mundo da grande questão do século XXI: a disputa implacável, entre os USA e a China, pela hegemonia no novo sistema global em emergência…

Vêm aí grandes mudanças! E é entender que mudanças podem ser essas e como nos irão afectar é o que importa perceber e procurar antecipar.

Nada disto impede que os americanos e todos os ocidentais continuem a apoiar o Afeganistão. A ajuda mais urgente será a de fornecer – já – o necessário à Frente da Resistência Nacional de Ahmad Massud…


Exclusivo Tornado / IntelNomics

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