Uma semana decisiva para formar Governo
O Presidente da República, Cavaco Silva, terá esta semana o papel que lhe compete para desbloquear o impasse e a incógnita sobre quem tem condições para governar o país com base nos resultados das eleições legislativas de 4 de Outubro. A semana das audições aos partidos eleitos com assento parlamentar começa com a troca de acusações entre PSD/CDS e PS e as disponibilidades do BE e PC para um acordo com o líder socialista António Costa.
Apesar de aparentemente estar esgotado o diálogo com os socialistas, a coligação PSD/CDS, que venceu sem maioria as eleições, mantém a porta aberta a um acordo com o PS mas impõem condições. O PS, que perdeu as legislativas mas parece ter garantida uma aliança parlamentar com PCP E BE, também ainda não oficializou que bateu com a porta à coligação PSD/CDS. É este o caótico cenário que Cavaco Silva tem nas mãos, sendo certo que nos últimos dias PS e PSD extremaram posições com troca de cartas e acusações.
Na entrevista à TVI, o secretário-geral do PS elevou o discurso de desconfiança acusando a coligação PSD/CDS de estar a esconder a realidade financeira “deixado cair surpresas desagradáveis em cada reunião com o PS”. Mas não as revelou. Disse apenas que “há um limite para se omitir e esconder a realidade” ao resto do país.
Da parte do PSD, deu-se o desmentido e a última carta de Pedro Passos Coelho a António Costa é dúbia. Por um lado afirma que a “resposta do PS frustra as expectativas e que a proposta concreta feita pela coligação não encontrou resposta objectiva traduzida numa contraproposta do PS, como seria de esperar num interlocutor empenhado num entendimento”.
Por outro lado, Passos garante que “a coligação mantém a inteira disponibilidade para negociar um compromisso para a governabilidade e estabilidade e que se o PS prefere discutir estas matérias enquanto futuro membro de uma coligação de Governo mais alargada, então que o diga também com clareza”. Passos acusa Costa de impor o programa do PS o que considera ser “uma perversão total dos resultados eleitorais” e que ninguém entenderia”.
Ma nesta última carta, Passos Coelho acusa António Costa: “o PS prefere agir com a extrema-esquerda a negociar com os partidos europeístas, e substituiu a razoabilidade por um radicalismo que o país não entende”.
PCP E BE confiantes
E, enquanto PS e PSD trocam acusações, o líder do PCP continua a dizer que há condições para uma “alternativa patriótica de esquerda”. Jerónimo de Sousa atacou a direita de estar a usar armas falsas para travar essa alternativa. “Estão a colocar todos os fantasmas do mais primário anticomunismo e todo o arsenal de mentiras e falsificações acerca do PC”.
Pelo Bloco de Esquerda a mesa nacional do partido reuniu este domingo onde aprovou por unanimidade as condições para viabilizar um acordo com o PS e PCP nos termos em que as conversões estão a decorrer. “Onde sejam garantidas as políticas de defesa de salários, pensões e emprego”. Catarina Martins manifestou confiança e optimismo e reafirmou: “pelo Bloco de Esquerda, o governo PSD/CDS acabou.”
Agenda de Cavaco Silva
Para o final desta segunda-feira, dia 19 às 11h30, está marcada a audiência com o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.
Na terça-feira, dia 20, o Presidente da República recebe às 15h00 o PSD; às 16h00 entra o PS e às 17h00 ouve o Bloco de Esquerda. Pelas 18 horas, recebe o CDS. Na quarta-feira, durante a manhã, seguem-se as audições com o PCP, Partido Ecologista “Os Verdes” e PAN (Pessoas-Animais-Natureza).
Haverá declarações de todos os líderes dos partidos. Não está ainda agendada qualquer comunicação de Cavaco Silva.