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Sábado, Julho 27, 2024

Cavaleiro Solitário é uma metáfora da organização sindical

Carolina Maria Ruy, em São Paulo
Carolina Maria Ruy, em São Paulo
Pesquisadora, coordenadora do Centro de Memória Sindical e jornalista do site Radio Peão Brasil. Escreveu o livro "O mundo do trabalho no cinema", editou o livro de fotos "Arte de Rua" e, em 2017, a revista sobre os 100 anos da Greve Geral de 1917

Valores impagáveis como o apego ao lugar e à memória dos que já se foram em nome da mesma batalha. Ressalta-se, desta forma, que não se trata apenas de interesses materiais.

Na primeira cena a paisagem serena das Montanhas Rochosas, no Noroeste dos Estados Unidos, contrasta com o barulho da cavalaria dos bandoleiros que atormentam a comunidade a mando de um poderoso banqueiro.

O pó vermelho que levanta da terra ressecada e o intenso movimento, anunciam o conflito iminente. Para explorar a região em busca de pedras preciosas, o banqueiro usa de todos os meios para forçar os moradores a irem embora. Sua potente estrutura de prospecção equivale a uma indústria mercenária e poluidora. Ávida por lucro, ela não respeita as normas sociais, trabalhistas ou ambientais.

O Cavaleiro Solitário é, então, invocado na floresta e surge como uma criatura espiritual, entre as montanhas. Ele vem de fora, mas logo se coloca na defesa dos moradores injustiçados – e ganha a simpatia de todos. Sua presença, mais do que garantir a segurança, incentiva a organização entre as pessoas da comunidade na luta contra o inimigo comum: o banqueiro saqueador.

Western, ou o faroeste, como gênero cinematográfico, refere-se, de forma romanceada, ao processo de colonização na fronteira do Oeste estadunidense (a partir da linha do Mississipi), desde o período que precede a Guerra da Independência dos Estados Unidos (Guerra da Secessão) até a virada do século XX.

O Cavaleiro Solitário é um clássico do faroeste que, embora não se limite apenas à rixa entre o mocinho e o bandido, é fiel ao gênero, apresentando uma história linear, com uma moralidade bem definida (o antagonismo entre o bem e o mal) e uma imagem imponente da natureza.

Em certo momento já avançado do filme, há uma reunião entre os garimpeiros, que discutem uma oferta em troca de sua saída daquelas terras. Apesar da generosidade da oferta, no debate surgem outros valores que fazem com que eles defendam a permanência e a luta.

Valores impagáveis como o apego ao lugar e à memória dos que já se foram em nome da mesma batalha. Ressalta-se, desta forma, que não se trata apenas de interesses materiais. Este é um ponto muito interessante para se comparar aos típicos movimentos de trabalhadores. Parafraseando o compositor Arnaldo Antunes, o trabalhador não quer só comida ou salário, ele quer também diversão e arte, ele quer a vida como a vida quer.

 

(Pale Rider)

EUA, 1985

Direção: Clint Eastwood

Elenco: Carrie Snodgress, Clint Eastwood, Michael Moriarty

 

Texto original em português do Brasil

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