Quinzenal
Director

Independente
João de Sousa

Domingo, Dezembro 22, 2024

Celeste, a boneca com olhos cor de esperança, de Sónia Sultuane

Delmar Gonçalves, de Moçambique
Delmar Gonçalves, de Moçambique
De Quelimane, República de Moçambique. Presidente do Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora (CEMD) e Coordenador Literário da Editorial Minerva. Venceu o Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro em 1987; o Galardão África Today em 2006; e o Prémio Lusofonia 2017.

“Celeste, a boneca com  olhos cor de esperança ou a utopia mágica da menina que comia vegetais”

“Somos todos filhos da mesma história”
Delmar Maia Gonçalves

Depois da contagiante magia da obra “A Lua de N’Weti”, a mística poeta, contadora de histórias e artista plástica moçambicana Sónia Sultuane, que respira poesia por todos os poros, regressa  inspirada e brinda-nos agora com este olhar de cheiro índico de trazer nova poesia marejante, para a eternidade, junto da fogueira ancestral.

Numa mensagem clara, transparente e cristalina com olhares da cor da esperança.

Se avó Celeste não existisse dificilmente haveria poesia da esperança em Joana que foi crescendo em tamanho e sabedoria com bênçãos divinas.

E aconteceu, então, magia neste encontro, disse-me a poeta da pérola do índico que adivinho com olhos doces cor de amêndoa.

E Joaninha, como carinhosamente lhe chamavam, que se tornou Joana ao mergulhar nos extensos e intensos compêndios e manuais de medicina, tornando-se médica para se ofertar dando continuidade prática aos seus valores ancestrais de generosidade e concretizar grandes e ambiciosas utopias e sonhos realizáveis, colocando beleza nas pessoas todas as vezes que as olhasse.

É esta menina que homenageia sua avó já cocuana construindo poesia despoluída ao chamar à sua boneca especial, inseparável amiga e cúmplice imaginária de Celeste.

Sem dúvida há poesia celestial imaculada nesta vitalização do objecto inanimado e lúdico fantasioso preferido da heroína.

Em Sónia Sultuane reproduz-se a fórmula dos velhos sobas africanos “Karingana wa karingana” e ela fá-lo com mestria e discrição decidindo desta forma inscrever-se no berço dos nomes escolhidos na árvore genealógica dos respeitáveis e “magnânimos” antepassados que navegam algures entre a ancestral África e a milenar Índia antiga.

Na verdade, da sua avó, Joana aprendeu que nos ventos do sul a fraternidade não é uma palavra vã, pois é um sentimento sempre grato e possível mesmo quando as paisagens circundantes  são tão agrestes e nebulosas. Depois, todos sabemos que só os avós conhecem o velho segredo do cofre do tesouro mágico do abraço inocente,  límpido e transparente das crianças.

É que quando elas nos abraçam derrama-se o rio polar dos nossos corações como um céu lavado na madrugada fresca por anjos de luz e todas as barreiras, fronteiras e muralhas desaparecem.

Suponho secretamente que Joana, tal como a poeta,  partilham esse segredo do coração da avó Celeste, por isso quiseram ambas partilhá-lo com os menos afortunados, em especial as crianças da sua terra natal comum, através dos seus amplexos fraternos, francos e abertos que vão iluminando o sonhado Hospital Verde Esperança.

Bayete pois poeta – Contadora de Histórias, por tudo!

 

Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a Newsletter do Jornal Tornado. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

Receba a nossa newsletter

Contorne o cinzentismo dominante subscrevendo a nossa Newsletter. Oferecemos-lhe ângulos de visão e análise que não encontrará disponíveis na imprensa mainstream.

- Publicidade -

Outros artigos

- Publicidade -

Últimas notícias

Mais lidos

- Publicidade -