Governantes eleitos e até opositores alegam que é preciso dar uma trégua no mínimo de cem dias para emitir críticas às novas gestões.
É a velha cantilena dos que não querem oposição e sim tranquilidade para impor suas medidas amargas, contra o povo e o país. Em cem dias já não há mais possibilidade de reverter muitas ações danosas e prejuízos já aprovados em lei, acordados com países.
Os vitoriosos receberam aval de maioria dos votos válidos, em muitos casos, abaixo dos 50% dos eleitores, mas a oposição também foi contemplada até com número expressivo. Portanto tem a obrigação de defender não só essa parcela, mas os interesses do povo e da nação. Ainda mais porque não houve debate e nem existiu possibilidade de se conhecer com maior profundidade as propostas do vencedor. Não se posicionar desde o início do anuncio das medidas seria omissão, capitulação ou traição.
Vamos analisar as principais ideias em debate e ou já propostas pelo governo eleito:
- A dita mais importante da Previdência, apresentada por Temer, derrotada, e agora piorada, pois Paulo Guedes já anunciou que vai apresentar uma proposta de capitalização nos bancos, onde o trabalhador depositaria o valor da contribuição para se aposentar no futuro. De onde sairia o dinheiro para pagar os que já são aposentados? Seria a privatização da previdência, quem ganharia seriam os bancos. No Chile, onde foi implantado esse sistema resultou em centenas de suicídios de aposentados e revoltas até hoje.
- A facilitação de aquisição e posse de armas pela população, quando há poucos anos um plesbicito decidiu pelo recolhimento dessas armas, porque várias pesquisas demonstraram que ao invés de atenuar a violência, estaria aumentando o número de homicídios e crimes banais em discussões de transito e outros.
- A paralização da reforma agrária, e a transferência do Incra, do Ibama e da Funai para o Ministério da Agricultura, sob controle da bancada ruralista, da UDR e dos barões do agronegócio, vai melhorar a produção da agricultura familiar responsável por cerca de 70% dos alimentos presentes na mesa dos brasileiros? Vai reduzir o desmatamento? Vai melhorar o meio ambiente? Vai garantir a milenar e rica cultura Indígena, sobrevivente em um dos poucos países do mundo?
- Na educação, impor a censura nas escolas e universidades, privatizar e militarizar o sistema, vai melhorar o nível de ensino e propiciar o desenvolvimento tecnológico do Brasil?
- Cogitam também em aprovar a venda de 80% da Embraer pela bagatela de R$ 5,2 bilhões quando essa empresa tem cerca de R$ 22,4 bilhões para receber. Outros vários outros países desenvolvidos tem garantido em lei 50% das ações de suas empresas aéreas. Vai garantir a defesa, a soberania, o desenvolvimento aéreoespacial e o avanço tecnológico do país?
- Paulo Guedes (quem manda de fato no governo Bolsonaro) já anunciou que deverá implementar um programa de privatização arrojado, criando inclusive uma secretaria com status de ministério apenas para isso. E já falam em privatizar a Eletrobras, avaliada em R$ 400 bilhões por valores irrisórios, assim como a distribuição de combustíveis, as refinarias, os ricos poços de petróleo do pré-sal e até a Petrobras. Isso vai diminuir o custo dos combustíveis? Vai garantir o desenvolvimento do país? Aliás seria bom lembra-los que assim como a Embraer é a melhor empresa do mundo em fabricação de jatos de médio porte (por isso a Boeing a quer), a Petrobras, entre as 10 maiores do mundo, é a única capaz de extrair petróleo em águas profundas.
Esse conjunto de medidas e outras em andamento fazem parte de uma velha política, agora potencializada pelo “super” Ministro da Economia e chamada de ultraliberal que aplicada na Grécia, na Espanha, no México, na Argentina, e também por Temer, só resultou em fracasso, desemprego, quebradeira de empresas e empobrecimento do país. Essa política jamais serviu aos trabalhadores, sequer à classe média, mas sim ao mercado, aos bancos, aos magnatas. Tanto que na última pesquisa do Datafolha, 60% dos brasileiros disseram ser contrários a esse modelo de privatização.
Por trás de tudo estão os velhos inimigos do povo e da nação, travestidos de novos, utilizando como sempre sofisticados métodos de enganação (como foi no próprio processo eleitoral), para sugar ao máximo as riquezas do nosso povo e do Brasil.
Alto lá, traidores do povo, vendilhões da pátria. Apesar dos arreganhos e ameaças, vai ter oposição, vai ter luta.
Por Aluísio Arruda, Jornalista, arquiteto e urbanista | Texto em português do Brasil
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