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Terça-feira, Julho 16, 2024

Censo Agropecuário comprova a necessidade de reforma agrária

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

Os dados do Censo Agropecuário 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), lançado no fim de outubro comprovam a urgência de uma reforma agrária que “contemple todas as necessidades das trabalhadoras e trabalhadores do campo”, diz Vânia Marques Pinto, secretária-geral da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado da Bahia.

Para ela, “o avanço do capitalismo no campo privilegia a grande propriedade e a produção para a exportação em detrimento da agricultura familiar e a produção de alimentos saudáveis.” Segundo a sindicalista que também é secretária de Políticas Sociais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a causa da diminuição dos empregos no campo está diretamente ligada “ao agronegócio, à mecanização da agricultura e à falta de políticas para a permanência das trabalhadoras e trabalhadores o campo, principalmente a juventude.”

Isso porque o Censo Agropecuário mostrou que entre 2006 e 2017, a agropecuária perdeu 1,5 milhão de trabalhadoras e trabalhadores e o número de estabelecimentos que utilizam agrotóxico subiu 20%. Sem contar o desgoverno de Jair Bolsonaro que em menos de um ano liberar centenas de agrotóxicos, muitos proibidos nos países do chamado Primeiro Mundo.

“São dados muito preocupantes para a economia porque reforçam o êxodo rural, que se tem agravado nos últimos anos”, argumenta Sérgio de Miranda, secretário de Finanças da CTB e agricultor familiar no Rio Grande do Sul. Principalmente porque no período do censo, os estabelecimentos da agricultura familiar diminuíram 9,5%.

Miranda acredita na necessidade de um censo dos últimos 3 anos porque nesse período há uma redução muito grande das políticas públicas voltadas para a agricultura familiar.

Nós tivemos nesse período praticamente extinto o programa Minha Casa, Minha Vida para os trabalhadores rurais, além disso uma série de políticas públicas voltadas para a agricultura familiar foram perdendo espaço com forte redução de investimentos.”

Vânia reforça a argumentação em favor das políticas públicas para a agricultura familiar que produz cerca de 70% dos alimentos que chegam à mesa das famílias no país. “Além de abastecer o mercado interno, a agricultura familiar também exporta e para aumentar a produção necessita de maiores incentivos”, diz.

Por isso, é fundamental “a criação de políticas públicas que fortaleçam, valorizem e deem condições às agricultoras e aos agricultores familiares continuarem produzindo alimentos saudáveis”, afirma Miranda. “Nós queremos o campo com produção, mas também queremos o campo com gente.”

Para o deputado federal Heitor Schuch (PSB-RS) a diminuição do número de estabelecimentos da Agricultura familiar representa “a concentração fundiária”, ou seja, “grandes proprietários de terra comprando áreas de pequenos agricultores” e com isso a produção vem diminuindo no campo.

Vânia cita como exemplo bem o que acontece na região do Matopiba, que pega extensões de terra do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, onde “o agronegócio tomou conta das terras, a produção de alimentos caiu e a utilização de agrotóxicos cresceu com grande degradação ambiental” e com isso “o campo perde, as agricultoras e agricultores familiares perdem, o país perde.”

Como solução para a crise, Miranda sugere a volta do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) extinto por Michel Temer. Porque o “MDA era sem dúvida o grande formulador de políticas públicas para a agricultura familiar e é necessário que o governo volte a priorizar a produção de alimentos”, assinala. “É necessário a criação de novas políticas públicas que possam reverter esse quadro crescente de êxodo rural que estamos vendo nesses últimos anos.”

Vânia não crê em melhorias para o campo com esse governo que “privilegia os grandes produtores e o sistema financeiro nacional e internacional, submetendo o Brasil aos interesses dos Estados Unidos e disso decorre toda a sua política contra os verdadeiros produtores da riqueza brasileira.”


Texto em português do Brasil


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