As “malfeitorias” de Paulo Macedo na CGD e a sua nomeação como “CEO do Ano”, que serviu para alimentar o seu ego, pela Deloitte, a empresa de auditoria da CGD durante anos: Como Paulo Macedo obteve lucros faraónicos (em 2023, 1367 milhões €; e, no 1ºTrim.2024, 394 milhões €) à custa de clientes, depositantes e trabalhadores
Neste estudo analiso os meios utilizados por Paulo Macedo, o “CEO do ano” escolhido pela multinacional de auditoria Deloitte, que durante vários anos prestou serviços à CGD, pelos quais recebeu milhões € e que, certamente, espera voltar de novo à CGD, para obter lucros faraónicos em 2023 e também no 1º Trimestre de 2024, à custa do aumento brutal das taxas de juro que cobra pois o credito às famílias e às empresas não aumentou, do pagamento de taxas de juro irrisórias aos depositantes, do fecho de agencias que deixou muitas localidades do pais sem qualquer banco, contribuindo assim para a sua desertificação, da redução de um numero significativo dos trabalhadores, o que causou a fragilização da CGD deixando-a enfraquecida face à concorrência da banca privada controlada, na sua maioria, por grupos estrangeiros, o que causou já uma perda enorme de quota de mercado de credito.
Um outro instrumento utilizado pela administração de Paulo Macedo para obter os lucros faraónicos de que se gaba foi a manutenção, e mesmo ao aumento, da redução enorme do poder de compra dos trabalhadores da CGD verificado no período 2010/2023 e, em 2024, Paulo Macedo procura impor um aumento de remunerações inferior à inflação de 2023, o que agravaria ainda mais a situação dos trabalhadores já que não permite recuperar o poder de compra que perderam em 2023. E é uma personalidade desta natureza que a Deloitte escolheu como “CEO do ano” e que depois uma comunicação social submissa e sem contraditório promoveu.
Estudo
As “malfeitorias” de Paulo Macedo na CGD e a sua nomeação como “CEO do Ano”, que serviu para alimentar o seu ego, pela Deloitte, a empresa de auditoria da CGD durante anos: Como Paulo Macedo obteve lucros faraónicos (em 2023, 1367 milhões €; e, no 1ºTrim.2024, 394 milhões €) à custa de clientes, depositantes e trabalhadores
Em Portugal os gestores das grandes empresas são avaliados pelo volume de lucros que conseguem obter a curto prazo, e não pela sustentabilidade da empresa a médio e longo prazo, nem pela forma como tratam os interesses dos clientes e, no caso da banca, também dos depositantes, que a financiam em mais de 80%, nem como tratam os trabalhadores, a força motriz de qualquer empresa, nem como essas empresas contribuem para o crescimento e desenvolvimento do país. O exemplo disso, é o de Paulo Macedo na CGD, agora escolhido como o “CEO do ano” pela Deloitte, uma multinacional de auditoria que durante vários anos teve negócios com a CGD, prestando serviços remunerados com muitos milhões €, mas que, por imperativo legal, foi substituída pela EY, outra multinacional de auditoria. É de prever que, cumprido o período de nojo legal de 5 anos, a Deloitte possa voltar de novo à CGD.É evidente o conflito de interesses. E este caso ganha maior importância pelo facto da CGD ser um banco público que tem como missão apoiar as famílias e o desenvolvimento do país.
E como vamos mostrar, tudo isto foi “mandado às urtigas” pelo agora nomeado “CEO do ano” por uma empresa com que a CGD teve negócios e que poderá de novo ter já que as multinacionais de auditorias rodam entre si nas grandes empresas.
A CGD TEM COMO MISSÃO APOIAR AS FAMILIAS E O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DO PAÍS, MAS TUDO ISTO FOI SACRIFICADO POR PAULO MACEDO PARA OBTER LUCROS FARAÓNICOS A CURTO PRAZO E ASSIM ENALTECER O SEU EGO
O quadro 1 mostra a evolução do crédito concedido em Portugal pela CGD, após a entrada de Paulo Macedo.
Quadro 1 – Variação do crédito concedido pela CGD entre 2015 e 2026 com Paulo Macedo
Entre 2015 e o 1º Trim.2024, o crédito concedido pela CGD em Portugal reduziu em 25,7% (-18334 milhões €). Mesmo o credito às famílias e empresas sofreu um corte como consequência da política de concessão de crédito de Paulo Macedo pois, entre 2015 e o 1º trimestre de 2024, o crédito concedido pela CGD reduziu-se em -7,6% (- 3727 milhões€). Os grandes beneficiados com esta política restritiva de crédito da administração de Paulo Macedo, que reduziu a quota do mercado de crédito da CGD de 29,2% para 20,9% entre 2015 e 2023, segundo dados do Banco de Portugal, foram os bancos privados, a maioria deles controlado por grupos estrangeiros, que aumentaram a sua quota de mercado à custa da CGD. O crédito, um instrumento fundamental para o crescimento económico e desenvolvimento do país, está a ser cada vez mais controlado por bancos privados cujos centros de decisão estão no estrangeiro, portanto subordinado a interesses que não são os do país. E Paulo Macedo agravou esta dependência. É esta uma das consequências da gestão do “CEO do ano” da Deloitte.
A CGD OBTEVE LUCROS FARAÓNICOS EM 2023 À CUSTA DO AUMENTO BRUTAL DAS TAXAS DE JURO COBRADAS PELO CRÉDITO CONCEDIDO A FAMILIAS E EMPRESAS, E PAGANDO TAXAS DE JURO IRRISÓRIAS A DEPOSITANTES
O quadro 2 (dados dos Relatórios e contas da CGD) revela como o “CEO do ano” conseguiu obter lucros faraónicos em 2023.
Quadro 2 – A variação nos juros cobrados e nos pagos pela CGD no período 2016/2023
Entre 2022 e 2023, os lucros da CGD (contas separadas), aumentaram de 672,2 milhões € para 1181,7 milhões € (+75,6%). Isso foi conseguido (quadro 2) fundamentalmente através de um aumento brutal das taxas de juro cobradas pelo crédito concedido (entre 2022 e 2023, a taxa de media de juros do crédito concedido pela CGD aumentou de 2,1% para 5,6%, , ou seja, mais que duplicou) sem que tivesse de aumentar o crédito concedido e de taxas de juro irrisórias pagas aos depositantes (34864 milhões €, ou seja, quase metade dos “recursos de clientes” não são remunerados). Eis as formas como o “CEO do ano” obteve lucros faraónicos à custa do sacrifício das famílias e das empresas sem qualquer esforço.
O AUMENTO FARAÓNICO DOS LUCROS FOI CONSEGUIDO TAMBÉM ATRAVÉS DA REDUÇÃO SIGNIFICATIVA DOS TRABALHADORES E AGÊNCIAS, E DA QUEBRA BRUTAL DAS DESPESAS COM PESSOAL EM % DO PRODUTO DA ATIVIDADE
O quadro 3, também com dados da CGD, mostra outro meio utilizado pelo “CEO do ano” para obter lucros faraónicos.
Quadro 3 – Variação do nº de agências e de trabalhadores da CGD em Portugal e dos seus custos entre 2016/2023
Um outro instrumento utilizado pela administração de Paulo Macedo para obter os lucros faraónicos foi o fecho de numerosas agências em Portugal (202), o que deixou muitas localidades sem qualquer agência bancária, agravando a desertificação e as dificuldades da população, e também a redução significativa do nº de trabalhadores (1870), o que fragilizou a CGD na concorrência com a banca privada, de que resultou a perda enorme de quota do mercado como já se mostrou. Mas foi assim que “CEO do ano” conseguiu reduzir, entre 2016 e 2023, as despesas de pessoal, em percentagem do Produto bancário, que corresponde ao VAB das empresas, de 45,6% para apenas 17,4% (menos 28,2 pontos percentuais); e os gastos administrativos (inclui as despesas com as agências), de 28,4% para 7,4% do Produto da atividade (-21,1 p.p.).
O ESMAGAMENTO DAS REMUNERAÇÕES DOS TRABALHADORES DA CGA E A PERDA ENORME DE PODER DE COMPRA APESAR DOS LUCROS FARAÓNICOS. ESTE TAMBÉM FOI UM INSTRUMENTO UTILIZADO POR PAULO MACEDO PARA OS OBTER
O quadro 4, mostra a enorme perda de poder de compra que os trabalhadores da CGD sofreram até 2023, e a decisão do “CEO do ano” em agravar em 2024 essa perda apesar dos lucros faraónicos obtidos pela CGD em 2023 e no 1T2024.
Quadro 4 – Variação do poder de compra dos trabalhadores da CGD entre 2016 e 2023
Entre 2010 e 2016, os trabalhadores da CGD tiveram as suas remunerações congeladas, à semelhança do que aconteceu com os trabalhadores da Administração Pública. Em 2016, foi nomeada para a CGD a administração de Paulo Macedo que tem procurado manter ao longo dos anos a enorme perda de poder de compra que sofreram os trabalhadores da CGD e, em alguns anos, até aumentá-la como revelam os dados do quadro. Por ex., em 2024, apesar dos lucros faraónicos obtidos em 2023, e apesar da inflação ter atingido 4,3% segundo o INE, Paulo Macedo recusa-se a fazer um aumento superior a 3,2% em 2024, o que não permite aos trabalhadores recuperar o poder de compra que perderam até em 2023. Mas é desta forma também que Paulo Macedo obtém lucros faraónicos (é uma nova AT) e foi nomeada pela empresa “amiga” Deloitte “CEO do ano” que depois, uma comunicação social submissa, promoveu sem contraditório.