70º FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE SAN SEBASTIÁN
Até ao próximo sábado 24 a cidade basca de San Sebastián vai acolher mais uma vez o seu festival de cinema. Esta será a edição número 70 da maior mostra de divulgação cinematográfica da Península Ibérica.
Depois de dois festivais fortemente condicionados pela pandemia, o evento deste ano vai decorrer num ambiente já muito próximo da normalidade, com maior número de filmes que nas duas edições anteriores e, espera-se, com uma muito maior afluência de público.
‘Modelo 77’ de Alberto Rodríguez na abertura da secção oficial
Na sessão de abertura, e fora de concurso, teremos na noite de hoje ‘Modelo 77’ do realizador e argumentista sevilhano Alberto Rodríguez. Protagonizado por Miguel Herrán e Javier Gutiérrez, e com a acção situada numa prisão de Barcelona, ‘Modelo 77’ é uma abordagem ao sistema prisional espanhol na segunda metade da década de 70 do século passado e à luta dos presos de delito comum pelos seus direitos e pela amnistia. Alberto Rodríguez é autor de vários trabalhos premiados em San Sebastián – ‘El factor Pilgrin’ (2000), ‘7 vírgenes’ (2005), ‘La isla mínima’ (2014), ‘El hombre de las mil caras’ (2016) – quase sempre com distinções para os seus actores.
Marco Martins estreia na competição o seu novo filme
A secção oficial vai ter, como de costume, uma importante presença de filmes espanhóis e de países de língua castelhana, obras de autores quase desconhecidos e a participação de alguns cineastas que participaram (e em alguns casos foram premiados) em anteriores edições do festival.
O sul-coreano Hong Sang-soo (‘Concha de prata’ de San Sebastián para o melhor realizador em 2016 e multi-premiado em Berlim), o chileno Sebastián Lelio – autor de ‘Gloria’ (2013) e ‘Una mujer fantástica’ (2017), ambos premiados em Berlim e San Sebastián -, o argentino Diego Lerman (Prémio do Júri em 2017 com ‘Una espécie de família) e o francês Christophe Honoré são os nomes mais sonantes que se apresentam a concurso.
Isto para além de Marco Martins (‘Alice’ de 2005, ‘São Jorge’ de 2016 e o muito recente e igualmente excelente ‘Um Corpo que Dança’) que apresentará, em estreia mundial, ‘Great Yarmouth – Provisional Figures’, co-produção de Portugal/França/Reino Unido, com Nuno Lopes e Beatriz Batarda no elenco. A acção decorre em Great Yarmouth, Norfolk (Reino Unido), em Outubro de 2019, três meses antes do Brexit. Centenas de trabalhadores migrantes chegam de Portugal à procura de emprego em fábricas de processamento de carne de perú. Tânia trabalhou nessas fábricas mas está actualmente casada com um hoteleiro inglês. Quer ajudar os portugueses a arranjar trabalho, mas também deseja obter a cidadania britânica e reformar os hotéis abandonados (propriedade do marido) para os transformar em residências para idosos.
A lista dos 22 filmes que integram a secção oficial do festival é a seguinte:
“El Suplente” de Diego Lerman / Argentina, Espanha, Itália, México, França
- “Girasoles Silvestres” de Jaime Rosales / Espanha, França
- “Great Yarmout – Provisional Figures” de Marco Martins / Portugal, França, Reino Unido
- “Hyakka“ (Cem Flores) de Genki Kawamura / Japão
- “Il Boemo” de Petr Václav/ Rep. Checa, Itália, Eslováquia
- “Kong Xiu“ (Uma Mulher) de Wang Chao / China
- “La Consagración de la Primavera” de Fernando Franco /Espanha
- “La Maternal” de Pilar Palomero / Espanha
- “Le Lycéen” de Christophe Honoré / França
- “Los Reyes del mundo” de Laura Mora / Colômbia, Luxemburgo, França, México, Noruega
- “Pornomelancolía” de Manuel Abramovich / Argentina, França, Brasil, México
- “Resten af Livet” (Para Sempre) de Frelle Petersen / Dinamarca
- “Runner” de Marian Mathias/ EUA, Alemanha, França
- “Sparta” de Ulrich Seidl / Áustria, França, Alemanha
- “Suro” de Mikel Gurrea/ Espanha
- “The Wonder” de Sebastián Lelio / Reino Unido, Irlanda
- “Walk Up” de Hong Sang-Soo / Coreia do Sul
- “La (très) grande évasion” de Yannick Kergoat / França
- “Modelo 77” de Alberto Rodríguez (fora de concurso; sessão de abertura)
- “Apagón”de Rodrigo Sorogoyen, Raúl Arévalo, Isa Campo, Alberto Rodríguez, Isaki Lacuesta (fora de concurso) / Espanha
- “El Sostre Groc” de Isabel Coixet / Espanha (projecção especial)
- “Marlowe” de Neil Jordan (fora de concurso; sessão de encerramento)
“Marlowe” de Neil Jordan, vai ter estreia mundial na sessão de encerramento
O escritor e cineasta irlandês Neil Jordan, que tem na sua filmografia títulos como ‘A Companhia dos Lobos’, ‘Mona Lisa’, ‘Jogo de Lágrimas, ‘Entrevista com o Vampiro’ ou ‘Michael Collins’, usou o romance ‘A Loura de Olhos Negros’ de John Banville para fazer retornar ao ecrã o investigador Philippe Marlowe, a figura criada há 90 anos por Richard Chandler. “Marlowe” é como se chama o seu novo trabalho.
Liam Neeson e Diana Kruger, a dupla que encabeça o elenco, estarão com o realizador na estreia mundial do filme na noite de sábado, 24, naquela que será a sessão de encerramento do ‘Zinemaldia 2022’.
Recorde-se que Neil Jordan foi o presidente do júri oficial do Festival de San Sebastián de 2019.
Júri oficial presidido por Matías Mosterín
O júri da secção oficial, que vai apreciar os 18 filmes em competição, será presidido pelo produtor argentino Matías Mosterín.
Estava anunciada a actriz norte-americana Glenn Close, oito vezes nomeada para o ‘Oscar’ de melhor actriz, três vezes vencedora do ‘Globo de Ouro’ e prémio ‘Donostia’ em 2011 para presidir ao júri, mas impedimentos familiares de última hora inviabilizaram a sua deslocação a San Sebastián.
Mosterín vais estar acompanhado pela directora de casting e realizadora francesa Antoinette Boulat, pela realizadora e guionista dinamarquesa Tea Lindeburg, pela escritora e jornalista espanhola Rosa Montero, pelo cineasta e artista visual Lemohang Jeremiah Mosese (do Lesoto) e pelo realizador e guionista islandês Hlynur Pálmason.
Curioso, e um tanto inusitado, é o facto de o jurado islandês ter dois filmes em competição em “Zabaltegi / Tabakalera”, outra secção do certame.