Um cessar-fogo mediado pela Turquia e a Rússia entrou em vigor a 12 de janeiro, na Líbia, onde há mais de nove meses se combate poela posse da capital Tripoli.
Os rebeldes de Khalifa Haftar e as forças governamentais representadas pelo chefe do Governo da Unidade Nacional de Fayez al-Sarraj apoiado pelas nações Unidas,assinaram o acordo.
Mesmo que Fayez al-Sarraj reafirme o”direito legítimo” de suas forças de retaliar contra qualquer ataque”.
A missão da ONU acolheu com satisfação os anúncios, exortando as partes a “darem lugar aos esforços para um diálogo entre as forças militarizadas em presença no território Líbio.
O Enviado Especial da ONU para a Líbia, Ghassan Salamé, disse há poucos dias que procurava um “mínimo de consenso” entre os lideres internacionais mediadores do conflito antes de reunir os partidos líbios.
Quem é Ghassan Salamé
É um académico libanês e vive em Paris. Foi Ministro da Cultura do Líbano de 2000 a 2003. Foi Decano da Escola de Relações Internacionais de Paris e professor de Relações Internacionais no Instituto de Sciences Po.
Apoios Internacionais
A Turqia e a Rússia foram os construtores do cessar fogo.
No início deste mês, a Turquia tinha enviado soldados para apoiar o Chefe do Governo de União Nacional é, no entanto, acusada de enviar combatentes sírios pró-turcos para combater as forças rebeldes pró-Haftar, que têm apoio dos Emiratos Árabes Unidos e do Egito.
Se a Europa parece ter medo que a Líbia se transforme num conflito longo como o da Síria, a Alemanha, com chanceler alemã Angela Merkel teve uma atitude mais pragmática mantendo conversações em Moscovo dia 11 de Janeiro com Vladimir Putin. “Eu penso que, em poucas horas, as partes cessarão o fogo na Líbia”, disse o presidente russo.
Estados Unidos da América
Os Estados Unidos, que não embandeiram em arco com a crescente presença e força da Rússia na Líbia, denunciaram no sábado à noite o “destacamento de mercenários russos (…) e combatentes sírios apoiados pela Turquia”, em comunicado da embaixada.
Vladimir Putin mais uma vez nega a veracidade das acusações. “Se há cidadãos russos na Líbia, eles não representam os interesses da Rússia nem recebem dinheiro do estado russo”, afirmou ele no sábado.
Mas as autoridades americanas encontraram-se um tanto discretamente em Roma na quinta-feira passada quer com o marechal rebelde Haftar quer com o ministro do Interior do Governo apoiado pelas nações Unidas Fathi Bachagha, para “encorajar” uma “diminuição da escalada militar ” e uma retomada do diálogo entre os diferentes poderes líbios.
A Tunísia
“Se Trípoli cair, Tunis e Argel cairão”. Palavras de Fathi Bachagha, ministro do Interior do governo líbio e do entendimento nacional de Fayez el-Sarraj, formado sob a égide da ONU, aumentando o fogo aceso pelo presidente turco Erdogan que tentou implicar mais profundamente a Tunísia no problema Líbio.
A Tunísia tem mantido uma posição de neutralidade face ao conflito na sua vizinha Líbia e a presença de Erdogan em Tunis causou grande mal estar.
Surpreendidos com esta reunião entre as autoridades tunisinas e o Presidente Erdogan, não anunciada e da qual os jornalistas tunisinos foram excluídos, era difícil fazê-los acreditar que o presidente turco, acompanhado por seus ministros da Defesa, Relações Exteriores e seu diretor de serviços de informação, só estavam na Tunísia para discutir questões comerciais.como implica Kaïs Saïed.
De facto Erdogan e seu colega tunisino Kaïs Saïed (que iniciou funções a 23 de dezembro passado) falaram sobre a questão da Líbia na última quarta-feira, durante uma visita surpresa do líder turco a Tunis.
Uma visita ou uma inspeção?
A Tunísia, recebeu milhares de líbios desde o ataque da força internacional que levou à queda de Muammar Kadafi em 2011 e é fragilizada por isso e pela situação política interna.
Erdogan também pediu à Tunísia, ao Catar e à Argélia, que participem na conferência internacional sobre a Líbia, a ser organizada pela ONU no início de 2020, em Berlim.
Há motivos para ter esperança? O tempo o dirá!
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90