Trata-se do grupo étnico que nos deu um dos maiores génios do cinema de sempre: Charlie Chaplin.
De acordo com os números do Controlo de Fronteiras norte-americano só no mês de Junho deste ano mais de 1.800 cidadãos europeus perseguidos nos seus países procuraram refúgio nos EUA. Ao longo de um ano a manter-se a média ultrapassaram os 20.000, número bem superior ao de refugiados sírios recebidos por Portugal. É, naturalmente, uma situação embaraçosa para a União Europeia.
Ao contrário dos emigrantes económicos latino-americanos, estes refugiados, vindos pelo México, não procuram entrar ilegalmente nos Estados Unidos. Pelo contrário, de acordo com o relato do Serviço de Fronteiras desse país, procuram imediatamente as autoridades e pedem protecção.
Eis o paradoxo de uma Europa incoerente, liderada pela Alemanha, que abre relutantemente as suas portas aos refugiados sírios, que armando e apoiando grupos armados dissidentes ajudou a criar, mas que se mostra incapaz de integrar eficazmente as minorias que tem no seu interior.
O crescente clima de racismo e xenofobia a que assistimos em muitos países europeus, mais marcadamente na França e na Hungria, mas em menor dimensão um pouco por todo a União, não se abate somente sobre os crentes muçulmanos mas também sobre africanos e outras minorias.
As políticas de austeridade seguidas na União Europeia levaram a cortes drásticos nos orçamentos destinados aos programas de inserção social das minorias, o que acaba por agravar a tensão social e criar um caldo social propício a abusos de vária ordem.
É desta minoria étnica, de que são oriundos nomes como o tenista Ile Nastase, o futebolista Zlatan Ibrahimović, o escritor finlandês Veijo Baltzar, a dramaturga inglesa Louise Doughty, o eurodeputado inglês James Carver, o presidente brasileiro Washington Luís, o músico grego Kostas Hatzis, o saxofonista macedónio Ferus Mustafov, o pintor alemão Otto Mueller, o extraordinário músico de Jazz francês Django Reinhardt e tantos outros vultos da cultura mundial.
Alguns dos seus hábitos e a sua língua divergem da cultura dominante, mas isso é o que caracteriza uma minoria étnica. Alguns países, como no Reino Unido, a sua inclusão é mais fácil noutros o esforço social de aproximação e integração é mínimo, como é o caso de Portugal, noutros ainda são abertamente perseguidos e excluídos.
Hitler tratou-os brutalmente e o número dos seus mortos nos campos de extermínio rivaliza com o dos judeus, sem que lhes sejam construídos monumentos nem pedidas desculpas oficiais. No pós-guerra as democracias ocidentais falharam na sua integração, na actualidade os governos estão a negar os direitos de cidadania destes europeus.
Perdida a esperança de uma convivência pacífica nos países em que se fixaram há centenas de anos muitos preferem rumar ao outro lado do Atlântico em busca de um melhor acolhimento. A experiência dos anos do nazismo pesa. Melhor procurar refúgio antes que sobre eles se abata nova catástrofe que se vai anunciando. Existem perto de um milhão de pessoas deste grupo nos Estados Unidos e os números têm tendência a crescer.
Mas de que minoria milenar na Europa estamos a falar? Uma população proveniente da Índia, hoje reconhecido pelo governo indiano como parte da diáspora do seu povo, que dá pelo nome de Rom ou Roma e que em Portugal muitos apelidam depreciativamente de ciganos.
Os Estados Unidos têm recusado o estatuto de refugiados aos roma europeus mas têm-nos deixado entrar reconhecendo o tratamento preocupante a que são sujeitos na Europa. Cria-se, inutilmente, um foco de mal-estar entre os dois lados do Atlântico.
Seria humilhante para Portugal se os seus cidadãos se encontrassem entre os que são forçados a pedir asilo noutros países. É preciso reforçar o apoio à integração de minorias, reconhecer a sua língua e promover a educação, assegurar a saúde e a integração laboral destes nossos compatriotas.