Dilúvio que atingiu Belo Horizonte e parte do estado de Minas deixou um rastro de destruição. Número total de mortos em decorrência das enchentes no mês é de 53.
As chuvas que castigam a região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, bateram recorde e equivalem ao triplo da média histórica para o mês. Nos últimos 30 anos, a média de precipitação em janeiro na região foi de 329,1 mm. Só em 2020, entre o dia 1º e a manhã de terça-feira (29), o Inmet registrou acumulado de 814,9 mm.
A previsão é que, até o fim do mês, o índice ultrapasse a marca de 900 mm e possa chegar próximo a 1,000 mm. Apenas entre as manhãs de quinta-feira e sábado, em 48 horas, choveu 312,5 mm – sendo 171,8 mm só entre quinta e sexta, o maior acumulado desde que a medição começou a ser feita há 110 anos.
Enquanto isso, a gestão Jair Bolsonaro toma, de forma irresponsável, o caminho oposto. Segundo a Folha de S. Paulo, o governo federal usou menos de um terço dos recursos previstos no Orçamento para prevenção de desastres naturais durante o primeiro ano de sua gestão. O gasto com obras estruturantes e projetos de contenção de inundações atingiu o menor patamar em 11 anos.
Se chove três mais e o governo investe três vezes menos, o saldo é inevitavelmente trágico: o dilúvio que atingiu Belo Horizonte e parte do estado de Minas Gerais na noite de terça deixou um rastro de destruição nas cidades e provocou mais uma morte em decorrência das chuvas. Agora, o número total de mortos em decorrência das enchentes no mês é de 53.
Entre as mortes, 42 foram causadas por soterramentos, três por afogamentos e oito pessoas vieram a óbito após serem arrastadas pelas águas. Conforme a Defesa Civil, 38.703 pessoas estão desalojadas devido às chuvas. Há 8.157 desabrigados, 65 feridos e duas pessoas desaparecidas. Um dos desaparecidos é uma mulher que estava em um dos veículos de passeio que caíram em uma cratera na rodovia MG-133, próximo a Tabuleiro, na noite de ontem. Segundo o Corpo de Bombeiros, ela foi levada pela correnteza.
Decreto do governo estadual pôs 101 municípios em estado de emergência. Outros três – Orizânia, Ibirité e Catas Altas – também decretaram estado de calamidade pública. As prefeituras de outros 36 municípios decretaram situação de emergência.
Uma das causas do caos é a falta de investimentos federais. A verba para ações de prevenção de desastres naturais em 2019 era de R$ 306,2 milhões – valor já bastante inferior ao patamar de anos anteriores. Em 2012, o montante equivalia a R$ 4,2 bilhões. Mesmo assim, do total reservado para 2019, só R$ 99 milhões foram executados pelo governo Bolsonaro.
Esse dinheiro havia sido destinado para projetos de contenção de cheias e inundações, prevenção e erradicação de riscos em assentamentos precários e obras preventivas de desastres, além de ações de manejo de água de chuva. A maior parcela foi prevista para obras contra cheias e inundações (R$ 167,4 milhões). Contudo, nada dessa verba foi liquidada. Já o orçamento de 2019 para ações de prevenção foi quase todo empenhado (quando o dinheiro é reservado após, por exemplo, a assinatura do contrato), mas os projetos tampouco foram executados.
Texto original em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado