Diogo Costa Amarante estará presente na sessão
Reaberto em Fevereiro deste ano, o Cinema Trindade tem vindo a constituir-se como um espaço com características muito particulares no campo da exibição cinematográfica na cidade do Porto.
Cinema não comercial no Cinema Trindade
Depois de muitos anos em que a exibição comercial de cinema se viu “expulsa” do centro da cidade, o Porto está a tentar recuperar a tradição cinéfila que teve noutros tempos.
O “Trindade” tem contribuído para isso de forma significativa. Tem paulatinamente conquistado o seu público e é, nesta altura, um espaço em que se vive um ambiente “cineclubista”.
Oito sessões diárias com filmes criteriosamente escolhidos têm levado a uma fidelização de um público que se vai habituando, de novo, a ver cinema no centro do Porto.
Os cinemas de Portugal e do Brasil têm sido objecto de uma atenção muito especial dos programadores que têm proporcionado muitas “sessões especiais” com a presença de intervenientes nos filmes. No Trindade já estiveram a conversar com os espectadores, por exemplo, Rodrigo Areias e a equipa de “Orçamento & Crime”, Marco Martins e Nuno Lopes (realizador e actor de “São Jorge”), João Canijo a algumas das actrizes de “Fátima” e Ney Matogrosso.
Programação para amanhã, 10 de Junho
Para amanhã, sábado dia 10, pelas 17h30, a proposta é a visão das curtas metragens “Cidade Pequena” e “As Rosas Brancas”, seguida de uma conversa com o realizador Diogo Costa Amarante.
“Cidade Pequena”
Estreado no Curtas Vila do Conde em 2016, “Cidade Pequena”, Urso de Ouro para Melhor Curta-Metragem na edição deste ano do Festival de Berlim e distinguido com o prémio para o Melhor Realizador no Festival de Cinema Experimental de Bucareste tem assim, a sua primeira exibição no Porto.
Reflexão acerca da tomada de consciência da morte, do tempo e da transitoriedade da vida, “Cidade Pequena”, interpretado pela irmã e pelo sobrinho do cineasta, tem como ponto de partida um episódio em que uma criança descobre, na escola, que as pessoas têm cabeça, tronco e membros e que se o coração pára elas morrem. Para além do tema do filme o júri do Festival de Berlim foi particularmente sensível ao seu tratamento plástico, destacando os enquadramentos que referiu “lembram a atenção ao detalhe presente nos quadros do Renascimento italiano”.
“As Rosas Brancas”
Será também exibido “As Rosas Brancas”, a curta-metragem anterior – que também integrou a competição da Berlinale, na edição de 2014 – e que questões de algum modo semelhantes às de “Cidade Pequena”. É um conto sobre como uma família tenta lidar com a ausência da matriarca trocando papéis em busca de consolo. “As Rosas Brancas” foi realizado no âmbito do curso que Diogo Costa Amarante concluiu na New York University / Tisch School of the Arts como bolseiro Fulbright. Foi premiado no Festival Européen du Film Court de Brest/ França.
Diogo Costa Amarante
Refira-se que Diogo Costa Amarante, nascido em Oliveira de Azeméis em 1982, é licenciado em Direito. Começou por estudar Cinema Documentário e Cinematografia, em Barcelona, realizando o seu primeiro filme que, entre outros prémios, recebeu o de melhor documentário espanhol no Festival Internacional de Cinema Documentário de Madrid. Em 2009, participou no Talent Campus do Festival de Berlim e realizou o segundo filme “Em Janeiro, talvez” (2009), que recebeu igualmente o prémio de melhor documentário espanhol no DocumentaMadrid09, bem como uma menção especial no SalinaDocFest 09 / Itália.
Quem quiser conhecer melhor este cineasta português, já sabe, só que ir amanhã à tarde ao Cinema Trindade.