A propósito de declarações proferidas sobre ciganos pelo candidato da coligação PSD/CDS.
Em Portugal, falar de ciganos é um anátema. E quando se diz algo menos favorável ou se crítica aparece logo um pelotão de fuzilamento verbal. O absolutismo bem-pensante comanda a vida política portuguesa, mas este unanimismo é suspeito. Parece que se comete sacrilégio por criticar os ciganos.
Contudo o candidato do PSD em Loures deu nova entrevista ao jornal SOL e o seu discurso passou a exageros e extremos com laivos de populista: “se o Governo insistir em não dar à PSP os meios para Loures ser um concelho mais seguro, não terá outra hipótese que não criar um exército. A polícia municipal terá que ser um exército de protecção”.
Uma coisa é exigir que todos os portugueses sejam de que etnia for cumpram a lei. Outra coisa é ser odioso e perseguir alguém. Que eu saiba os ciganos não provocaram desacatos para se instalar o estado de sítio em Loures? Loures não é Guantánamo. Este tipo de linguagem, dá razão a quem é intolerável com críticas à etnia cigana, sendo acusado de xenófobo, racista ou fascista.
O candidato perdeu uma boa ocasião para estar calado. O deslumbramento com a notoriedade traiu-o.
Sou contra extremismos e fundamentalismos de qualquer espécie. O candidato já tinha dado a sua opinião, mesmo julgada por muitos intolerável, mas disse o que a maioria dos portugueses pensava. Mas, a partir daí, o discurso bélico é contraproducente. A narrativa do medo e da insegurança não são a solução. A solução é política de integração e de união, e não, divisão.
Não sou adepto de “política de Trumpa” com ideias turbulentas e belicistas. Os portugueses são a favor que os ciganos cumpram o estipulado na lei e que não sejam uma excepção, mas não aceitam que os ciganos sejam discriminados.