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Sábado, Novembro 2, 2024

Cinco Artistas em Sintra, João Cristino da Silva

Guilherme Antunes
Guilherme Antunes
Licenciado em História de Arte | UNL

É considerado como um trabalho naturalista de fraca qualidade. A simetria é excessiva neste contexto e o desenho não é muito apelativo.É, não obstante, revelador do grande significado ideológico que preconizou, no nosso país, a invenção da paisagem.

Os anseios pela concretização dos novos conceitos que eram estruturados a partir da captação da Natureza “ao vivo” e, assim sendo, com a incorporação inevitável do “claro-escuro”, estão aqui documentados, neste trabalho de referência deste nosso Romantismo naturalista.

Estes cinco artistas são; Tomás d´Anunciação, o chefe do grupo e celebrado pintor animalista, que está sentado ao centro, de paleta na mão. Francisco Metrass, de chapéu e capa escura (a la Rubens), está colocado nas suas costas fitando o espectador. Mais atrás, em segundo plano, à direita e de pé, o escultor (autor da estátua de Camões exposta no Chiado) Victor Bastos em pose janota, como gostava de ser apreciado, depois, o autor tomando alguns apontamentos encostado à fraga com a perna esquerda flectida, auxiliando o descanso. Finalmente José Rodrigues, sentado no chão, com um livro na mão.

Todos eles olham significativamente para o exterior do quadro, talvez orgulhosos da sua posição de assumida frontalidade contra as “velharias” da oficialidade académica ou, num convite (?) à participação colectiva entre artista e público.

Há uma representação simbólica de protesto contra o ensino exclusivo no interior das salas de aula.

Era no exterior, ao ar livre, que passava o grande desígnio ideológico dos novos processos de pintar que aí estavam para ficar.

(Extracto de um texto escrito por mim, há poucos anos, sobre o tema)

cristino-cinco-artistas

Nota da Edição

João Cristino da Silva-auto retrato
João Cristino da Silva – auto retrato

João Cristino da Silva  (1829-1877)

Helena Carvalhão Buescu, Univ. Lisboa  João Cristino da Silva e o tema da paisagem na literatura portuguesa de meados do século XIX

 

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