Apesar de o foco principal de atenção dos milhares de cinéfilos, estudantes e profissionais de cinema e elementos da comunicação social presentes no Festival ser a secção oficial competitiva, a restante programação do certame tem vastos motivos para atrair os espectadores. A mostra basca oferece uma programação muito diversificada e com uma enorme quantidade de títulos disponíveis. Muita oferta para um período limitado de tempo e a necessidade de fazer opções por vezes bastante difíceis.
“Nuevos Directores”
Na abordagem que fizemos em texto anterior à secção oficial referimos o facto de dela constarem algumas obras de autores em início de carreira. Contudo, é em “Nuevos Directores” que estão concentradas as primeiras ou segundas obras de vários realizadores.
Esta é também uma secção competitiva e o júri é, este ano, presidido por Katrin Pors (produtora) e constituído ainda por Diego Lerman (cineasta argentino), Imma Merino (professora universitária em Barcelona, com vários trabalhos publicados na área do cinema), Nashen Moodley (director do Festival de Sydney) e Léa Mysiusu (jovem realizadora e guionista francesa).
São 15 os filmes desta secção, oriundos de Espanha, Japão, Suíça, Argentina, México, França, Dinamarca, Vietname, China, Rússia/Lituânia, Roménia e Kosovo /Albânia/ Macedónia. Retratos de factos históricos, abordagens da vida de sociedades contemporâneas em várias latitudes, dramas e vivências pessoais são alguns dos assuntos tratados em muitos dos filmes desta secção. E se, ao nível dos temas a inovação é sempre difícil, o que se espera dos “novos realizadores” é a apresentação de novas formas de abordagem e formas de filmar com algum toque de originalidade.
“Horizontes Latinos” – a divulgação e afirmação do cinema da América Latina
O vencedor da secção “Horizontes Latinos” no ano de 2017 foi “Una Mujer Fantástica” do chileno Sebastián Lelio. O filme viria a ser distinguido com o Oscar para o melhor filme estrangeiro. Este é apenas um exemplo recente da qualidade das obras que passam nesta secção e que demonstra, se é que a demonstração é necessária, por um lado, a vitalidade e força do cinema latino-americano (apesar de as sociedades de alguns daqueles países atravessarem um preocupante período de desagregação e de crise económica) e, por outro, a importância que o Festival de San Sebastián (por exemplo com os programa ‘Cine en Construcción’ e ‘Fórum de Co-produção Europa-América Latina’) tem em todo este processo de afirmação e desenvolvimento. “Horizontes Latinos”, é uma “seleção de longas-metragens do último ano, produzidas total ou parcialmente na América Latina, dirigidas por cineastas de origem latina, ou que tenham como tema comunidades latinas do resto do mundo”.
Na lista de trabalhos incluídos na presente edição encontramos obras oriundas da Argentina, Brasil, Chile, México, Brasil, Colômbia, Paraguai e Uruguai, alguns deles com co-produção com países europeus (a Espanha à cabeça).
O filme de abertura foi “Las Herederas”, de Marcelo Martinessi, co-produção de Paraguai/Alemanha/Brasil/ Uruguai/Noruega/França. Trata-se de uma película que vai estar muito em breve em exibição em Portugal. O Cinema Trindade, no Porto, já começou a anunciá-lo. À cabeça do elenco, que inclui a brasileira Regina Duarte, está Ana Brun que com este desempenho obteve o Urso De Prata para a melhor actriz no Festival de Berlim. “Las Herederas” é a história de um casal de duas mulheres cuja relação se degrada, ao fim de trinta anos, quando a sua situação económica as obriga a desfazerem-se dos bens que tinham herdado.
Na lista de filmes encontramos também, e como exemplos, “Sueño Florianópolis”, filme argentino-brasileiro de Ana Katz, premiado em Karlovy Vary e “Ferrugem” do brasileiro Aly Muritiba, vencedor de ‘Cine en Construcción’ em San Sebastián/2017 e entretanto exibido no Festival de Sundance. Este último conta a história de uma jovem de 16 anos que gosta de partilhar as suas vivências nas redes sociais.
“Culinary Zinema”
Esta é uma secção que já tem alguma tradição no Festival. San Sebastián é uma cidade famosa pela sua gastronomia. É, por isso natural, que no seu festival de cinema esta temática esteja particularmente presente. Na presente edição são sete os filmes que integram a mostra “Culinary Zinema” e que para além da sessão em sala são pretexto para jantares temáticos (a maior parte no Basque Culinary Center) confecionados por cozinheiros altamente reconhecidos (em alguns casos os protagonistas dos filmes).
A abrir esta secção “Tegui: Un Asunto de Familia”, filme de Alfred Oliveri com Germán Martitegui considerado o melhor cozinheiro da Argentina. Para fechar, “Bihar Dok 13” dos bascos Aitor Bereziartua e Ander Iriarte, que relata a experiência de vários alunos da vanguarda gastronómica, vindos de todo o mundo, no Basque Culinary Center.
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