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Sábado, Novembro 2, 2024

Cinema de Portugal e do Brasil com importante representação

José M. Bastos
José M. Bastos
Crítico de cinema

“Colo” de Teresa Villaverde na secção oficial de longas-metragens

Colo

Na mais importante secção do festival competirá Teresa Villaverde com “Colo”. A realizadora, que há um quarto de século viu a sua primeira longa metragem, “A Idade Maior”, ser apresentada em Berlim na secção paralela Forum, surge agora na principal competição do certame. Entre estes dois filmes registam-se na sua filmografia alguns dos mais importantes títulos portugueses dos últimos vinte anos: “Três Irmãos”– Prémio de Melhor Actriz, em Veneza/1994, para Maria de Medeiros –, “Os Mutantes” (1998) exibido em Cannes na secção Un Certain Regard, e “Água e Sal” (2001) que competiu em Veneza.  “Transe” (2006) esteve em Cannes e Toronto e em 2011 Teresa Villaverde regressou à selecção de Veneza, pela terceira vez, com “Cisne”. “Colo”, que tem fotografia de um nome maior e histórico do cinema português – Acácio de Almeida –  marca o regresso desta talentosa cineasta cinco anos depois do seu trabalho anterior e vai ser avaliado por um júri presidido por Paul Verhoeven, o autor do merecidamente celebrado “Elle” que há pouco passou entre nós.

João Salaviza, Salomé Lamas, Diogo Costa Amarante e Gabriel Abrantes na competição de curtas – A “turma dos repetentes”

A competição de curtas-metragens de Berlim tem, nos últimos anos, proporcionado ao nosso cinema algumas das suas mais importantes consagrações: em 2012, “Rafa” de João Salaviza conquistou o Urso de Ouro e, no ano passado, Leonor Teles conseguiu igual galardão com “Balada de um Batráquio”.

A representação deste ano nesta secção é, apesar da juventude dos autores, assegurada por repetentes de Berlim.

Salaviza, que entretanto já realizou a sua primeira longa, “Montanha”, e que também tem no seu currículo a Palma de Ouro de Cannes em 2009 com “Arena”, vai apresentar “Altas Cidades de Ossadas”.

Outro nome que se tem vindo a destacar nos últimos tempos é o de Salomé Lamas. Vai participar pela primeira vez na competição alemã com “Coup de Grâce”, uma obra de ficção que sucede aos seus documentários “Eldorado XXI” (premiado no recente Porto/Post/Doc) e “Terra de Ninguém” (multipremiado no Doc Lisboa). Ambos estiveram em Berlim mas na referida secção não competitiva, Forum.

Diogo Costa Amarante que em 2014 competiu com “As Rosas Brancas” regressa a Berlim com “Cidade Pequena” e Gabriel Abrantes que no ano passado teve, em concurso “Freud & Friends”  vai apresentar “Os Humores Artificiais”, uma obra feita no Brasil. E por falar em Brasil…

Presença do Cinema Brasileiro

Há alguns dias referimos a selecção de “Vazante” de Daniela Thomas e “Pendular” de Júlia Murat para a secção Panorama.

“Joaquim”

Joaquim

Agora podemos dar conta inclusão de “Joaquim” de Marcelo Gomes na lista dos candidatos ao Urso de Ouro. Trata-se de uma co-produção entre Brasil, Portugal e Espanha cuja acção decorre no século XVIII e que mostra como  Joaquim José da Silva Xavier, o célebre Tiradentes, passou de militar ocupado na perseguição aos contrabandistas de ouro a rebelde empenhado no combate ao poder colonial português.

Entretanto, “As Duas Irenes” de Fábio Meira e “Mulher do Pai” de Cristiane Oliveira estarão na secção Generation.

Na competição de curtas-metragens estará presente “”Estás vendo coisas”, de Bárbara Wagner e Benjamin de Burca.

“Monangambé”

Monangambé

De referir ainda a exibição, fora de competição, na secção oficial de curtas-metragens do histórico “Monangambé” realizado em 1968 pela “matriarca” do cinema africano, Sarah Maldoror.  Baseado na obra literária “O fato completo de Lucas Matesso” de Luandino Vieira, este filme, nos seus escassos dezassete minutos, é uma obra de contestação do regime colonial português. Foi exibido em 1971 na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes.

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