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Sábado, Dezembro 21, 2024

Portugal tem a pomba mais rápida do mundo

Joaquim Ribeiro
Joaquim Ribeiro
Jornalista

A pomba “A Portuguesa”, do columbófilo Mauro Aniceto, de Torres Vedras, é campeã olímpica de velocidade. Um feito raro para os pombos nacionais: “esta deve ser talvez a segunda medalha de sempre de Portugal numas olimpíadas de columbofilia”, esclareceu o orgulhoso proprietário da ave.

Esta vitória levou-nos a uma viagem pelo mundo da columbofilia, um passatempo que em Portugal envolve cerca de oito mil entusiastas. Há dias surgiu a notícia da venda, num leilão online, de um pombo-correio pelo valor recorde de 1,25 milhões de euros, que superou o anterior máximo de 400 mil euros.

O pombo “Armando” foi comprado por um chinês ao belga Joël Verschoot, que é profissional da columbofilia. Aliás, ao contrário de Portugal, onde é apenas um passatempo, noutros países esta actividade é exercida a tempo inteiro, sobretudo na China, onde as corridas de pombos são um grande negócio.

A pomba “A Portuguesa”, ou a “64” como também é conhecida, era capaz de valer algum dinheiro, depois da vitória nas olimpíadas, caso Mauro Aniceto a quisesse vender. Só que ele fá-lo por gosto, uma paixão herdada do pai, Edgar Aniceto, que começou a participar em provas em 1968.

O filho Mauro cresceu entre os pombos, a ajudar o pai, até que casou e foi morar para o Livramento, concelho de Mafra, onde construiu o seu próprio pombal. Hoje é sócio do Elite Clube – Secção Columbófila do Atlético do Cadaval, que tem sede em Torres Vedras.

A “64” é descendente dos pombos “Gaby” e “Van Loon” e está-lhe nos genes a velocidade com que rasga os céus, imbatível em Portugal e agora também a nível mundial. Para além de ter vencido a medalha de ouro, também bateu o recorde do mundo por larga margem, nas olimpíadas realizadas na Polónia, em Poznan, entre 23 e 27 de janeiro deste ano, em Sport Velocidade – Categoria A (até 400km).

A classificação dos pombos nas olimpíadas faz-se através dos resultados obtidos nas últimas dez provas realizadas. A pomba de Mauro Aniceto conseguiu o melhor coeficiente de sempre nas olimpíadas, com 3,5548 pontos. A pontuação faz-se através de um coeficiente calculado entre a distância da prova e o número de participantes. Para além da classificação em prova, porque trata-se de uma corrida e, como noutras, ganha a que chegar em primeiro. Nas últimas dez percorreu um total de 2.871km e em oito delas ficou em primeiro lugar.

No seu palmarés tem nove primeiros lugares no clube, oito primeiros no bloco, mais oito vitórias na zona, três vezes a mais rápida do distrito de Lisboa e foi anilha de ouro no bloco em 2017 e 2018. O apuramento para as olimpíadas aconteceu através dos resultados obtidos e depois avaliados nas exposições, primeiro distrital e depois nacional.

Mas para chegar a este nível é necessário muita dedicação, todos os dias do ano. Mauro Aniceto é o treinador da sua equipa, que só em competição tem 130 pombos, mais aqueles que servem para reprodução e os borrachos. No caso de “A Portuguesa” a especialidade é a velocidade, por ser muito rápida. Outros fazem provas de maiores distâncias, de meio-fundo ou fundo. São verdadeiros atletas de alta competição: fazem exercício, têm uma alimentação própria e treinam todos os dias.

É um passatempo que tem de ser levado a sério, porque não se trata só de criar e levar os pombos às corridas. Requer muita dedicação e conhecimento. O segredo desta actividade está na reprodução, nos cruzamentos para apuramento das raças e a escolha dos melhores exemplares. Alguns são vendidos e podem atingir valores muito altos, como o caso do “Armando”, mas permanece o gosto de ver um pombo a voar mais rápido que os outros, como é o caso de Mauro Aniceto.


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