Quassem Soleimani, comandante da Força Al Quds, Unidade Especial da Guarda Revolucionária do Irão, foi assassinado no passado dia 2, nos arredores do aeroporto de Bagdad, na sequência de um violento ataque aéreo sob responsabilidade dos EUA.
Esta informação, proveniente da televisão pública do Irão (Al Arabya), foi confirmada por meios de comunicação social de bastante credibilidade, tais como a Televisão Al-Jazira, Reuters, BBC, entre outros.
Segundo vários meios da comunicação social este ataque originou outros mortos e ferimentos a iraquianos e libaneses, e poderá ter atingido mortalmente Al-Muhandis (Comandante das Unidades de Mobilização Popular – UMF).
A confirmar-se o assassinato de Al-Muhandis, tudo indica que sim, a situação no Iraque poderá assumir contornos muito violentos e por isso Donald Trump já pediu aos seus cidadãos norte-americanos para fugirem destes dois países (Iraque e Irão), o que começou a acontecer com os funcionários americanos das empresas petrolíferas.
O ataque com várias bombas, realizado contra viaturas que transportavam os combatentes do Irão ao aeroporto de Bagdad, foi ordenado por Donald Trump e terá sido preparado com o apoio da Mossad, secreta israelita.
Donald Trump fortemente criticado por pré-candidato presidencial dos EUA
O presidente Donald Trump, logo após ter sido concretizado o ataque e confirmada a morte do general iraniano, decidiu postar a bandeira dos EUA na sua conta do twitter.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 3, 2020
Contudo, Bernie Sanders, pré-candidato presidencial norte-americano, criticou fortemente Donald Trump, afirmando que o presidente dos EUA pode contribuir para mais uma guerra entre os dois países.
Segundo Sanders “a perigosa escalada de Trump aproxima-nos de outra guerra desastrosa no Médio Oriente que pode custar inúmeras vidas e trilhões de dólares. Trump prometeu acabar com guerras sem fim, mas essa acção coloca-nos no caminho de outra” (Fonte: twitter).
Consequências e reacções ao assassinato de Soleimani ordenado por Trump
As consequências imediatas foram a alteração do preço do petróleo com um aumento de três dólares, podendo haver outras alterações e, eventualmente, interrupção do fornecimento do petróleo no Médio Oriente.
As reacções de vingança, principalmente do Médio Oriente, estão a ser divulgadas pelas redes sociais.
O Hezbollah, através do seu líder, Hassan Nasrallah, clama por vingança. Segundo a BBC, Hassan referiu que “determinar a punição apropriada para esses assassinos criminosos será responsabilidade e tarefa de todos os combatentes da resistência em todo o mundo”.
O ministro da Relações Exteriores do Irão, Java Zarif, considerou o assassinato do general como “escalada extremamente perigosa e imprudente”, enquanto o ex-chefe dos Guardiões da Revolução, Mohsen Rezai, afirmou que “a vingança contra os EUA será terrível”.
O Chanceler do Irão, Mohamad Zarif, considerou como “acto de terrorismo” e que os “os EUA são os responsáveis por todas as consequências do seu aventureirismo desonesto”.
O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, referiu que aos “criminosos que assassinaram o major-general Qassem Soleimani” uma “vingança dura os espera”.
🎥هماکنون، عزاداری و راهپیمایی مردم کرمان در پی شهادت #سردار_قاسم_سلیمانی pic.twitter.com/97ShaMxI2E
— خبرگزاری تسنیم 🇮🇷 (@Tasnimnews_Fa) January 3, 2020
Rússia e Iraque criticam EUA e alertam para escalada de tensão na região
Após o ataque e a confirmação do assassinato do general iraniano, a Rússia e o Iraque criticaram com muita dureza os EUA.
A porta-voz do Kremlin para os assuntos exteriores, Zakharov, afirmou no canal «Russo Rossiva 24» que a “eliminação de um representante do governo de um Estado soberano, um funcionário público, sem uma correlação destas acções com alguma base jurídica, é um facto extremamente importante, e que leva a situação na região a um plano completamente distinto ao que havia até então”.
Segundo a dirigente do Kremlin, o assunto deve “ser abordado com urgência, na reunião do Conselho de Segurança da ONU”.
Também, o primeiro-ministro do Iraque, Abdul-Mahdi, profundamente revoltado, criticou o ataque dos EUA como um “flagrante acto de agressão” que “desencadeia uma guerra devastadora”.
Na opinião de Abdul-Mahdi, idêntica à de outros líderes regionais, o general Soleimani e al-Muhandis eram “ícones da vitória do Iraque sobre os terroristas do Daesh apoiados pelo Ocidente”.
Mahdi pediu ao parlamento iraquiano que convoque uma sessão parlamentar extraordinária para decidir-se sobre a presença militar dos EUA.
Quem era o General Quassem Soleimani
Quassem Soleimani, de 62 anos de idade, já tinha sido alvo de várias tentativas de assassinato porque era considerado um poderoso general, e foi muito próximo do líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei.
Na opinião de vários analistas militares e políticos internacionais, Soleimani, que liderava há mais de 20 anos a força Quds, era um dos principais estrategas do Irão em matéria militar e geopolítica, ao ponto de ter mais influência diplomática que o próprio ministro das Relações Exteriores, Javad Zarif.
Suleimani era muito querido no Irão, por várias razões. Para além de ser admirado pelo seu povo por ser grande estratega militar, foi também o principal combatente contra o “Estado” Islâmico.
Numa outra vertente, mais humanista, era apreciado pela sua inspiração artística e veia poética. A jornalista norte-americana Farnaz Fassihi do «The New York Times» postou um vídeo onde se observa o general a recitar uma poesia sobre amigos.
Rare personal video of Gen. Suleimani reciting poetry shared by a source in #Iran. About friends departing & him being left behind.#قاسم_سليماني pic.twitter.com/vUX4LrkMQY
— Farnaz Fassihi (@farnazfassihi) January 3, 2020
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