António Costa ataca críticos internos e Paulo Portas
“É hora de pôr termo ao último resquício do PREC que é profundamente anacrónico no Portugal de 2015. “Sabemos que somos sérios e que estamos a falar com gente séria que não vende a sua identidade por qualquer acordo de governo. Apesar do que nos distingue do PCP, BE e PEV, que é algo que tem a ver com a identidade de cada um, aquilo que estamos a negociar é possível no actual contexto parlamentar e podemos fazer em conjunto. Essa é a questão e só essa é que está aqui em causa”, afirmou António Costa na Comissão Nacional do PS, que aprovou o programa de governo com 163 votos a favor, sete votos contra e duas abstenções.
António Costa abriu os trabalhos com um discurso ao ataque aos críticos do partido que são contra a aliança à esquerda, afirmando que apesar das diferenças há todas as condições e legitimidade para o PS governar com uma maioria parlamentar. E ainda sobre essa solução de governo, atirou contra o líder do CDS, Paulo Portas, revelando até onde terá ido a abertura da coligação PàF para travar essa alternativa. “Sabemos que aquilo que nos divide quer do PCP, que do Bloco de Esquerda, quer do Partido Ecologista Os Verdes é possível não é suscetível de ser revogável para se tornar irrevogável para ter o lugar de vice-primeiro-ministro. E para uns anos depois, até se disponibilizar a oferecer o lugar de vice-primeiro ministro em troca de ao menos se manter ministro”, disse Costa, referindo-se claramente a Paulo Portas mesmo sem dizer o nome do líder do CDS.
António Costa esclareceu ainda que as negociações visaram sempre um acordo de legislatura e estável e inteiramente compatível com os compromissos internacionais. “O programa de governo tem como base o programa do PS com alterações. Implica que retiremos algumas nossas propostas e acolhermos algumas do BE, PCP e Verdes”, explicou Costa, sublinhando ter encontrado da parte dos três partidos envolvidos “um espírito construtivo, sério e responsável de empenho colectivo no encontro de soluções. Claro que houve matérias que não chegamos a acordo, e essas subsistem”. Já durante a reunião socialista para aprovar o programa de governo do PS, o PEV fez saber que também já fechou o acordo com o PS.
70 medidas para governar
Entre as 70 medidas que fazem parte do programa de Governo PS acordado com os três partidos, constam já para 2016 a reposição gradual dos salários na função pública, a reposição dos feriados de 5 de Outubro e 1º de Dezembro, a actualização das pensões e o aumento gradual do salário mínimo de 600 euros até 2019. O PS aceitou acabar com a Taxa Social Única, com o despedimento conciliatório e as concessões dos transportes e serviços públicos de Lisboa e Porto. As esquerdas exigiram também a anulação da privatização da TAP.
Este domingo é decisivo e definitivo para a aliança de esquerda ficar consolidada na Comissão Política do PS e na reunião do Comité Central do PCP.