O comentador Marques Mendes “encerrou” este domingo o assunto das declarações dos administradores da Caixa Geral de Depósitos com a afirmação peremptória de que eles “vão entregar ao Tribunal Constitucional as suas declarações de rendimentos e património, pedindo que estas não sejam tornadas públicas“. Assim mesmo, fala quem sabe.
Os jornalistas nem pestanejaram. Abriram telejornais e noticiários radiofónicos com as afirmações do comentador, os jornais deram-lhe gás e foram ver se podiam acrescentar qualquer coisinha mas Mendes esgotou o assunto.
Foi também assim da primeira vez quando Mendes “descobriu” que os gestores se preparavam para não apresentarem as declarações de rendimentos e de património. E até os mandou “desamparar a loja”.
E foi também assim quando Lobo Xavier disse na “Quadratura do Círculo”, quinta-feira passada, que existe um acordo escrito entre o Governo e o presidente da Caixa a garantir que não haveria declaração de rendimentos e de património.
Os partidos entraram em polvorosa cada vez que estes comentadores falaram sobre o assunto, Passos Coelho engrossou a sua bela voz e disse do Governo o que Mafona não disse do toucinho; “despudor total”, “brincar com as pessoas” etc., etc. e Dona Cristas também fez cara de má.
Não há documento nem acordo
O governo veio então pela voz do Secretário de Estado do Tesouro e Finanças esclarecer que não há documento nem acordo sobre esse assunto mas isso pouco importa, o que vale é o que dizem os comentadores.
E chegámos a isto: as notícias importantes são dadas pelos comentadores políticos, que não precisam, é claro, de identificar as suas fontes nem de exercer o contraditório já que ninguém os incomoda com essas “chinesisses”, uma vez que não são jornalistas.
Fazem lembrar os “mortos-vivos” da série televisiva The Walking Dead”. Estes estão mortos mas andam e até mordem os vivos. Os políticos comentadores são comentadores mas dão notícias e “mordem” os jornalistas.
Nesta mixórdia onde é que estão os factos, as opiniões, o spin, a contra-informação? Onde é que está a verdade? Não sabemos,, mas, vendo bem, nem isso é importante. A “pós-verdade” é a palavra do ano!
Artigo publicado inicialmente no blog VAI E VEM