Confiar em tal ideia só fará sentido se admitir que isso já aconteceu inúmeras vezes. Vamos subindo de dificuldade como se de um jogo de computador se tratasse. Assim será mais fácil explicar o retrocesso civilizacional. Que melhor justificação poderia haver para o medíocre andamento do mundo no início de 2017?
Transformados no cansaço de existir, sentimentos como o medo, a culpa, a tristeza, estão demasiado presentes nas nossas vidas. Porém, estes nunca poderão ter domínio sobre qualquer um de nós. Como assim? Simples. Eu tenho medo mas eu não sou o medo. Eu estou vivo mas não sou a vida. Estou no corpo mas não sou o corpo. Isto do mesmo modo que o coração estará aquém dos sentimentos, das emoções, dos humores. Exclusivamente deste modo me curarei daquilo que não sou. Acredito.
Diante disto, toda a vida que pode ser expressa é falsa. Ela não pode ser descrita, somente experimentada de forma solitária. Não podendo por isso ser, sequer, compartilhada. Ela não é um prémio. Não é obtida. É fonte não nascida. Daí que para existir tenha de se esquecer de si. Fazer-se, ainda que escassamente, quem se falhou de ser.
Se existir não é mais que estar distraído, então será possível viver antes de filosofar, viver antes de o saber.