Esta afirmação consta de documento de solidariedade e repúdio ao pedido de prisão de Lula, assinado por intelectuais de todo o mundo (veja abaixo na íntegra). No Brasil,o próprio Juiz Sérgio Moro se indigna com a ação do Ministério Público de São Paulo e a Globo também manifesta desagrado, porque prefere, segundo fontes próximas, que Moro prenda Lula.
Intelectuais da Europa, EUA e América Latina acompanham com apreensão o cerco conservador e a ofensiva golpista contra Lula que subiu um novo degrau na noite desta 5ª feira, com o pedido de prisão contra o ex-presidente feito pelo Ministério Público de São Paulo.
Um abaixo assinado que já circulava em universidades e grandes capitais do mundo (leia o texto abaixo) deve ganhar maior envergadura agora, com o pedido de prisão do ex-presidente solicitado por promotores de São Paulo.
No texto do documento, os intelectuais pedem às autoridades brasileiras “o maior empenho em fazer cessar a perseguição que ora o atinge, bem como a sua família e seus colaboradores, com o fim das violações de direitos a que vem sendo submetidos”.
O documento afirma ainda que “referências históricas como Lula são um patrimônio inestimável da humanidade”.
E conclui: “O líder brasileiro incomoda por ser o símbolo de uma agenda contestada pelas elites: o desenvolvimento associado à universalização de direitos sociais e à democratização das decisões de Estado”.
Obstrução à Lava Jato
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, também estaria indignado, segundo fontes próximas, com o pedido de prisão preventiva feito pelo promotor Cássio Conserino e outros dois colegas do Ministério Público de São Paulo.
Para os procuradores e policiais federais integrantes da força-tarefa da Lava Jato, a peça apresentada nesta quinta-feira 10 não tem fundamentação, de acordo com nota de Murilo Ramos, da revista Época.
Há ainda a interpretação, por parte dos investigadores do esquema de corrupção na Petrobras, de que o pedido apresentado pelo MP paulista atrapalha o trabalho desenvolvido na Lava Jato, segundo eles, conduzido com cautela e esmero.
A Globo também tem se manifestado contra o pedido de prisão, porque preferia que Lula fosse preso por Moro. O jornal O Globo escalou seus colunistas Merval Pereira e Ricardo Noblat nesta sexta-feira 11 para criticar o pedido feito pelo MP-SP. Ontem, os jornalistas Diego Escosteguy, da Época, e Mônica Waldvogel, da Globonews, criticaram o pedido.
Leia abaixo a íntegra do documento da comunidade internacional de apoio a Lula:
Carta aberta em solidariedade a Luiz Inácio Lula da Silva
Nós, abaixo assinados, manifestamos nossa total solidariedade ao ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que vem sendo submetido a uma verdadeiro massacre contra sua reputação e a de sua família, ademais do desrespeito aos seus direitos, por parte de setores do Sistema Judiciário brasileiro, da Polícia Federal e da mídia conservadora.
Esta caçada culminou na sexta-feira, dia 4 de março, com sua detenção arbitrária e abusiva diante da lei, um verdadeiro sequestro a título de condução coercitiva para depor, de alguém que jamais se recusou a atender a Justiça e pela qual não fora intimado nem solicitado previamente
O arbítrio consumou-se na bizarra escolha de um aeroporto para interroga-lo, em dependências da Polícia Federal.
Toda a ação teve acompanhamento privilegiado por parte da mídia conservadora, previamente informada do timming da captura do maior líder popular brasileiro.
Um dos principais jornais do país, a ‘Folha de São Paulo’, sequer dissimulou a sintonia com os bastidores da operação: em reportagem no dia seguinte ao fato, o diário afirmou, explicitamente, que chegou ao edifício onde reside o ex-presidente às 5:15 da manhã.
A Polícia Federal chegou ao local às 5:40 hs.
Configura-se flagrante violação dos direitos humanos e de cidadania garantidos pela Constituição brasileira e uma agressividade inédita a um ex-presidente da República.
Luiz Inácio Lula da Silva é uma das mais expressivas lideranças mundiais, tendo contribuído em suas administrações para fixar um marco na luta contra a fome e a miséria –da qual 40 milhões de brasileiros se libertaram em seus dois mandatos consecutivos(2003/2010).
Os programas sociais que permitiram esse feito foram aclamados pela ONU e a FAO, tendo sido adotados em diversos países.
O cerco a Lula integra um movimento mais geral observado em toda a América Latina nesse momento.
A longa convalescença da crise mundial acirrou a disputa pela renda em economias atingidas duramente pela contração do comércio exterior.
O líder brasileiro incomoda por ser um símbolo de uma agenda contestado pelas elites:o desenvolvimento associado à universalização de direitos sociais e à democratização das decisões de Estado.
Referências históricas como Lula são um patrimônio inestimável da humanidade.
Rogamos às autoridades brasileiras o maior empenho em fazer cessar a perseguição que ora o atinge, bem como a sua família e seus colaboradores, com o fim das violações de direitos a que vem sendo submetidos.
Nota: A autora escreve em português do Brasil
Fontes: Carta Maior com informações do Brasil247