O governo de Timor-Leste, perante os confrontos com o envolvimento de grupos de artes marciais, conformado com a situação, limitou-se a produzir um despacho conjunto do Ministro do Interior e do Ministro da Defesa, datado de 6 de Setembro de 2022, para “prevenir e reprimir actuação criminosa”.
Timor-Leste está a viver um clima bastante conturbado, caracterizado por crimes violentos devido aos desentendimentos entre grupos de artes marciais, situação agravada com a instabilidade social e económica.
Efectivamente, para além dos confrontos entre grupos rivais de artes marciais, existentes há vários anos e devido à ausência de acções políticas de âmbito estrutural, está a verificar-se o aumento de assaltos a viaturas, roubos de telemóveis e de portáteis, e cresce a acentuada frustração generalizada da juventude.
Todas estas evidências, provocadoras da emigração de milhares de jovens para Portugal, Irlanda e Austrália, reflectem o estado de pobreza do país e a má governação de Timor-Leste, principalmente, durante os últimos cinco anos.
Dois mortos e vários feridos
O confronto entre jovens praticantes de artes marciais com o envolvimento das forças de segurança assumiu maiores proporções depois do dia um deste mês, quando um jovem foi agredido em Audian (Bairro de Díli). Também, há o facto de um jovem ter aparecido morto numa cela da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), em Díli, estando a decorrer o processo de averiguação dos factos.
No dia 5 de Setembro, um outro jovem terá sido morto e um militar foi ferido na cabeça, para além de outros feridos e de se terem registado detenções.
Atendendo à gravidade da situação, o governo timorense tomou a decisão de implementar “medidas excepcionais de actuação” com receio de que possa haver mais confrontos em vários pontos do país.
Governa ordena que FDTL e PNTL façam patrulhas em conjunto
O Despacho conjunto Nº 01/MI-MD/OX/2022 refere que há necessidade de adoptar medidas excepcionais de actuação conjunta entre as forças da FDTL e PNTL devido:
“Aos graves acontecimentos ocorridos nos últimos dias entre indivíduos integrados em grupos de artes marciais, com especial incidência nos confrontos ocorridos no final da tarde de ontem, dia 5 de setembro, em plena cidade de Díli, que se aproveitam da integração em grupos para despoletar um acréscimo de criminalidade e violência no seio da sociedade timorense..”
Nos termos do Despacho Conjunto está autorizado o “empenhamento operacional conjunto”:
..” através de operações de patrulhamento em todo o território nacional e de especial vigilância e controlo de todos os locais considerados sensíveis na cidade de Díli, de modo a prevenir e reprimir a atuação criminosa de indivíduos que está a causar instabilidade social”.
Mas, a questão de fundo, essa, continua por resolver.
Como referiu um alto dirigente político timorense, tratou-se de um “Despacho muito leve e transmite o conformismo”.
Estes “distúrbios” estão a coincidir com a chegada a Díli do primeiro Cardeal de Timor-Leste, e da missa campal que teve lugar hoje, dia 6 de Setembro, em Taci-Tolu (arredores de Díli).