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Quarta-feira, Dezembro 25, 2024

A reunião magna que entronizou António Costa

José Mateus
José Mateus
Analista e conferencista de Geo-estratégia e Inteligência Económica

José MateusEstá feito, aprovado por toda a gente com distinção e aclamação. Assis não conta mas aproveitou a ocasião e… suicidou-se.

Os congressos partidários já há muito que não têm a emoção, a adrenalina e as surpresas dos velhos tempos.

Sucessivas alterações estatutárias afastaram dali as grandes decisões políticas e permitiram resolver os jogos muito antes do próprio congresso se iniciar.

Estes encontros foram assim transformados em “missas” que servem sobretudo para aquilo que, durante séculos, serviram as missas: para as pessoas se encontrarem, falarem umas com as outras e resolverem alguns “negócios”.

“Eh, pá, lembrei-me agora que tenho de falar com o Manel para lhe perguntar como é que ele resolveu um certo problema que agora também se nos está a pôr a nós, lá em cima”. E lá foram os dois almoçar… Abençoada “missa” que tão útil te tornas. Sem o congresso, seria preciso gastar algumas semanas para realizar todos os contactos, encontros e reuniões que assim se resolvem em 48 horas.

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O Congresso que entronizou António Costa

Tendo vivido os congressos todos (ou quase) do PS, António Costa conhece, por dentro, estas realidades melhor do que ninguém. Soube, por isso, tirar partido da ocasião. Para além de trazer um alemão (presidente do Parlamento Europeu) manifestar-lhe o seu apoio e apoiar a “solução geringonça”, teve a inédita mas brilhante ideia de colocar um militante do PSD e uma mulher da esquerda radical a “malharem” nesta triste e suicidária Europa.

Se o “discurso anti-europeísta” da esquerda radical não aquece nem arrefece, em Berlim ou Bruxelas”, já a narrativa política soberanista (muita inteligência, bem construída e inovadora, mesmo se com algumas falhas conceptuais graves) de Pacheco Pereira é susceptível de causar alguns calafrios a quem é responsável em Berlim/Bruxelas por seguir estas coisas e deve ter gerado alguns interessantes “telegramas” de embaixadas para, por exemplo, Washington, Moscovo ou Pequim.

Pacheco Pereira fez aqui a Costa o enorme favor de dizer explicitamente o que o secretário-geral do PS (dadas as suas funções de Primeiro-Ministro) não podia sequer abordar. Parabéns, António, que soubeste encontrar o modo mais adequado e profícuo de entregar essa proibida mensagem essencial e necessária.

Depois deste congresso, o entendimento à esquerda, com que Costa tinha alterado o tabuleiro na sequência das legislativas, deixou de ser uma bizarrice pontual e assumiu formalmente o seu estatuto de “normalidade”.

 

Assis não entendeu nada disto e foi apenas dizer que, ao contrário do santo de que usa o nome, tem medo dos lobos… Ora, na conjuntura estratégica que vivemos, é preciso muita imaginação e outras fantasias para ver em Jerónimo e Catarina uns “lobos”. Acresce que o PS nunca teve medo de lobos (mesmo quando eram lobos). Como diria Francisco de Assis, o santo franciscano, “deixai entrar o irmão lobo”…

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