Dizer que os mais ricos são maioria absoluta nas universidades públicas é uma falácia. Já foi assim um dia, é verdade. Mas pesquisas têm mostrado que isso mudou. E é obrigação dos que, como eu, defendem a educação pública, de qualidade e para todos, desmistificar essa teoria.Com o passar dos anos, o número de jovens das classes D e E matriculados nas universidades públicas cresceu. A 5ª Pesquisa de Perfil Socioeconômico dos Estudantes das Universidades Federais, da Andifes, divulgada em maio deste ano, demonstrou que a maioria dos alunos de graduação das universidades federais brasileiras vêm de famílias com renda per capita de até um salário mínimo e meio, cursou o Ensino Médio em escola pública e tem pais que não fizeram faculdade.
Quando o presidente diz que o foco de investimentos será em áreas que geram retorno imediato ao contribuinte, como veterinária, engenharia e medicina, ele desqualifica as áreas de humanas e as ciências sociais, fundamentais para o enfrentamento de questões importantes para o desenvolvimento do País, como desigualdade, violência e baixa qualidade de vida da população. Ele também desacredita outros cursos das áreas de saúde e exatas e, mais uma vez, das humanas. Enfermagem, matemática, fisioterapia, terapia ocupacional, química, odontologia, farmácia, economia, psicologia, magistério, licenciaturas e outros cursos também são relevantes para construção de uma sociedade melhor, mais saudável e promissora.
Por isso, mais do que nunca, nossas universidades federais precisam mostrar o que produzem, nossos pesquisadores devem intensificar a divulgação das suas descobertas. Isso torna nosso País mais atrativo para investidores, turistas, movimenta a economia e torna explícita a grande contribuição dessas instituições. Como fizeram pesquisadores da USP ao devolverem movimentos para vítimas de AVC e pesquisadores da UFF que usaram a inteligência artificial para detectar doenças mentais.
Além dos resultados práticos que algumas pesquisas oferecem, elas servem como base para o desenvolvimento de novas tecnologias, medicamentos e soluções em geral que contribuem para melhorar a vida das pessoas. E vale ressaltar que mais de 95% da produção científica do Brasil são das universidades públicas. Nesses espaços, a produção intelectual também transforma as perspectivas de vida dos jovens estudantes. Eles passam a sonhar com melhores oportunidades de emprego e, porque não, com maneiras criativas de levar seus conhecimentos para transformar as suas comunidades.
por Renildo Calheiros, Deputado federal pelo PCdoB-PE | Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado
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