Terra de artes e letras, de cultura, aromas, paladares e texturas. A terra do escritor Orham Pamuk e do cineasta Nuri Bilge Ceylan.
Menos de 500€ por pessoa? Sim, tranquilo, incluindo viagem de avião (é metade do valor), estadia em apartamento privado, transportes e alimentação. O resto fica para as prendas. Baratinhas. Mas a maior riqueza é na memória repleta de recordações para muitos anos e a barriga cheia de iguarias. Preços a pensar numa escapada em Junho.
O Festival de Cinema de Istambul decorreu em Abril e estivemos lá uma semana, mas aproveitámos sempre os escassos tempos livres para ficar com uma razoável ideia da cidade. Até porque é sempre uma cidade a revisitar. Aqui partilhamos algumas dessas dicas.
Onde ficar?
Deixe-se tentar pela aventura e recuse a opção tipicamente turística, preferindo conhecer e viver a cidade de uma forma muito mais plena e bem mais barata. É que hoje em dia, por exemplo, as soluções de RBNB oferecem quartos ou apartamentos de charme permitindo-lhe realmente ‘viver’ em Istambul. Mesmo que por apenas algumas horas. Por exemplo, a região de Beyoglu, Shishane (ou Galata), oferece uma larga opção. É só procurar.
Preço sugerido: 60€ por 3 noites para um casal.
Dia 1
Para mostrar que o nosso orçamento não é à míngua, atreva-se a ir de táxi para o centro da cidade. Vale a experiência, até porque o táxi, não sendo caro, torna-se menos convidativo se passamos largos minutos no trânsito algo caótico da cidade. Opte ou não por carro privado (sim a UBER opera legalmente), a corrida não deverá ultrapassar os 15€ para uma viagem de pelo menos 30 minutos. Pode ficar o transporte mais barato para a volta (autocarro). É uma questão de se informar.
Caso opte por essa parte antiga da cidade, na zona europeia (a cidade tem três margens) – foi o nosso caso – ficará de imediato com uma ideia da velha Constantinopla, das ruas estreitas e sinuosas, povoadas de gatos e roupa a secar à janela. Nota: é muito seguro andar na rua, mesmo de noite. Não deixe de ir à noite a um dos inúmeros bares num terraço (ex: Riddim, Mavi Bar…)
Acorde cheio de energia em Istambul, ao som dos cânticos do Iman a chamar para a oração (provavelmente irá ouvi-lo de madrugada também) numa das cerca de três mil mesquitas da cidade e tome um pequeno almoço reforçado num dos vários cafés locais – 15 libras, que será cerca de 5€.
Horário das orações:
03:38, antes do amanhecer; 05:42, madrugada; 13:12, meio dia; 17:07, quando as sombras são da altura dos objectos; 20:21, pôr-do-sol; 22:08, quando desaparece a última luz do dia.
Aproveite para conhecer o seu bairro, com um breve passeio a pé. Tome um chá (tchai, 2 liras) e não tenha receio de contactar com a população turca.
Avance a pé em direcção ao litoral tranquilo do Chifre de Ouro (Golden Horn), atravesse a Ponte Gálata para a outra margem.
Turismo
Incontornável será a zona de Sultanahmet, com as duas mesquitas na parte alta da cidade – a Mesquita Azul, um dos maiores ex-libris da cidade, devido aos seus azulejos de vitral azul, do século XVII, e a de Santa Sofia (que já não funciona como mesquita), apenas separadas por escassas centenas de metros.
Provavelmente estará a par, mas convém mencionar que o dress code para entrar numa mesquita não aconselha calções, chinelos; os véus femininos ficarão ao critério individual.
Desça e, de seguida para o Grande Bazar ou o Bazar Egípcio (de 1663), deixe-se invadir pelo aroma das especiarias, o caleidoscópio de cores, aceite um novo tchai que lhe oferecerem e aproveite para levar alguns souvenirs locais (frutos e legumes secos, pastirma, carne seca fumada ou sucuk).
Recupere a energia com um batido de fruta – não se esqueça, esta é a terra das romãs!!
O que comer?
Fome? É natural. Abasteça-se com um rico e colorido Mezze, um típico menu vegetariano e espante-se com o sabor e a quantidade de pratinhos à sua frente, com pimentas em conserva, beringela, saladas diversas e, claro, o indispensável burek.
Palácio Topkapi
Enfrente agora a prolongada visita ao palácio Topkapi (porta de Canhão), construído por Mehmet II, o conquistador, em 1453, e foi a residência dos sultões durante séculos. Ou outra opção, por exemplo o Palácio Dolmabahce, caso não deseje enfrentar a multidão.
Regresse ainda a pé, atravessando o rio. Mas pode apanhar o metro para a praça Taksim, símbolo da modernidade de Istambul, para apreciar o fim da tarde e o movimento na Istikal Caddesi (Avenida da Independência), a artéria mais movimentada da cidade, com o comércio de marca mais vistoso e alguns dos melhores restaurantes da cidade.
Mas pode provar também os genuínos kebabs locais (com pistachio, por exemplo), em em restaurantes informais, e deixe-se tentar por uma das melhores baclavas acabadas de fazer. Peça para provar e eleja uma baclava diferente por dia.
Caso esteja em Beyoglu é só deslizar pela rua abaixo, ao ritmo dos clubes nocturnos em cada um dos lados da rua, normalmente localizados nas varandas dos primeiros ou segundos andares.
Dia 2
Chegou o momento ansiado de passar para a Ásia, para Kadikoi, no Mar de Marmara, em frente à parte histórica da cidade.
O plano passa por adquirir um cartão de transporte (metro, eléctrico, barco, teleférico), em Kabatas, junto ao ferry (um passe que serve também para autocarro e funicular, ideal para ir de Kabatas para a Parça Taksim). A agradável viagem de ferry no Bósforo acaba por tornar desnecessária a prolongada e cansativa viagem turística de 3 horas.
Almoço
Restaurante Giya (Gunesli Bahge Sokak, 43), onde poderá degustar comida tradicional turca. Mas mesmo ao lado, o restaurante oferece uma versão em formato mais fast, com pizzas incríveis, ou grelhados. (alternativas? Deixe-se tentar).
Dê uma volta por Moda, um bairro moderno, em estilo hippie, servido por vários cafés, bares, lojas de tatuagens. Saiba que pode também surpreender alguém com um mimo inesperado, como uma versão muito perfeita de uns ténis de marca, mas a 20€.
De volta do ferry para Kabatas, aproveite para visitar a Istambul Modern, a galeria de arte moderna, em Tophane, descobrindo algumas das novas tendências da arte local. Tome uma bebida na varanda junto ao rio.
Aproveite o ímpeto cultural para conhecer ainda o Museu da Inocência, inspirado no romance homónimo de Arham Pamuk, que relata o amor obsessivo do turco bem-nascido, Kemal, por uma prima afastada, a bela Fusum. O museu é, afinal de contas, uma espécie de templo onde se encontram inúmeros objectos pessoais descritos no livro. Vale muito a pena.
Jantar
Apanhe o Funicular para Taksim e arrisque um dos inúmeros e convidativos restaurantes nas ruas traseiras à Istikal Caddesi. Um grelhado?
Para acabar o dia e a viagem visite um dos inúmeros clubes nocturnos.
Sugestões: Salon (Shishane), Litera Bar (Goethe Institut), 360 (Istikal Caddesi, 311), Urban (Istikal Caddesi, Kartal Sokak, 6).
Dia 3
Istambul é a quarta maior cidade do mundo, com 13 milhões de habitantes. Por isso, nada como ter uma ideia da urbe fora dos centros turísticos.
Por curiosidade, se desejar conhecer o maior centro comercial da Europa (620 mil m2), só tem de viajar de metro até ao Cevahir Shopping Center, (Butukdere Cad).
Mas evite, claro, as Trump Towers (Mecidiyekoy Yolu Caddesi)!
Hora da partida
Apanhe o autocarro directo para o aeroporto na Praça Taksim.
E não se esqueça de nada! Leve consigo todas as memórias de 3 dias em grande. E baratos!