A construção da libertação da Venezuela pertence a seu povo e exclusivamente ao povo venezuelano, sem qualquer interferência externa seja de que natureza for. A eleição de uma Assembleia Constituinte ali realizada é a expressão máxima de uma Nação democrática que promove suas reformas ouvindo-se o povo.
Diferente do golpe que foi dado no Brasil, onde foram ignorados 54 milhões de votos que elegeram uma presidente para fazer prevalecer uma vontade viciada de interesses do capital, de uma mídia entreguista e de interesses internacionais.
Embora vivendo momentos críticos em sua história recente, as conquistas sociais das últimas duas décadas são indiscutíveis. O índice de desenvolvimento humano da Venezuela em 2015 foi de 0,767 o que a colocou na categoria de elevado desenvolvimento humano, tendo se posicionado em 71º entre 188 países. Essa classificação é igual ao da Turquia. Os dados demonstram que de 1990 a 2015, o IDH da Venezuela aumentou de 0,634 para 0,767, ou seja, um aumento de 20,9%. Nesse período a expectativa de vida subiu 4.6 anos e os anos de escolaridade média geral aumentaram 3,8 anos. O rendimento nacional bruto per capita aumentou cerca de 5,4 %.
Lá como aqui, o crescimento da classe média fez diminuir o empobrecimento e reduzir a pobreza absoluta. A distribuição de cestas básicas, tão criticada por alguns movimentos políticos combateu a fome e estreitou o fosso que separa os ricos dos pobres. Mas isso tem sempre um preço politico e midiático e essa é a razão dessa reação que se dedica a destruir uma das poucas democracias ainda sobrevivendo na América Latina. A Venezuela tem sido vitima da cobiça por suas riquezas naturais pelo capital e por potências que vêm ameaças ao seu domínio prevalente e excludente.
Eventuais desacertos do governo venezuelano resolvem-se pelas vias democráticas e o recurso às eleições só será eficaz se não houver interferência externa. Nota-se no noticiário local e internacional uma grande demonstração de parcialidade da mídia nitidamente jogando a opinião pública contra o governo que o povo venezuelano escolheu através das urnas. O que está em jogo não são os ganhos e perdas de um governo em crise, mas o enfraquecimento da democracia em detrimento dos mesmos interesses que arrasaram a Líbia e o Médio Oriente através de invasões e guerras, assim como pela mesma razão que volta a colocar o Iran em perigo e destruiu o programa do pré-sal brasileiro, ou seja, a ambição das grandes potências econômicas que não suportam a ideia de reduzir as desigualdades sociais e as riquezas do planeta Terra.
Não é sem razão que vemos parte da população batendo palmas ao verem novamente os militares nas ruas com armas quando sua missão constitucional seria garantir a democracia e a vontade soberana do povo.
Por Siro Darlan, no Jornal do Brasil
(Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a democracia)
A presidenta do CNE, Tibisay Lucena, afirmou que o processo constituinte teve 41,53% de comparecimento do eleitoral às urnas, totalizando 8.089.320 votantes. “Nosso agradecimento e reconhecimento a todos os venezuelanos, não só àqueles que foram votar, mas inclusive àqueles que não foram, mas também se negaram à violência”, afirmou Lucena.
Mídia internacional
As manchetes dos meios internacionais de imprensa foram uníssonas ao destacar uma suposta “baixa participação” em um contexto de “caos generalizado” no país durante a jornada desse domingo.
O El País, da Espanha, titulou: “Violência e abstenção durante a votação da Constituinte de Maduro”. No momento em que foi publicada, o Conselho Nacional Eleitoral não havia divulgado o primeiro balanço sobre a participação eleitoral.
O argentino Clarín destacou a posição do governo de Maurício Macri, que decidiu não reconhecer os resultados da eleição que classificou de “ilegal”. Na capa, a imagem de um ataque a bomba realizado pelos grupos de oposição em um bairro da zona leste da capital, com o título: “Caracas, entre gases, repressão e parapolícias”, referindo-se à Guarda Nacional Bolivariana.
O New York Times disse: “Violência marca a eleição da Assembleia Constituinte na Venezuela”. O jornal estadunidense menciona a explosão ocorrida “em uma das principais ruas de Caracas” sem citar possíveis causadores. O mesmo fez a agência de notícias EFE, que publicou em uma rede social a manchete “Um agente ferido pela explosão de três motos da polícia de Caracas durante as eleições da Constituinte venezuelana”.
Violência localizada
A oposição relaciona 16 mortes com o pleito eleitoral de domingo. Já o Ministério Público reconhece 10 mortes relacionadas aos conflitos. Dentre os muitos feridos, estão 8 policiais da Guarda Nacional Bolivariana que foram atingidos por uma bomba detonada em uma das barricadas da oposição da Avenida Francisco de Miranda.
Um dirigente chavista e candidato constituinte foi assassinado ainda na madrugada do dia 30, em Ciudad Bolívar, no centro-sul do país. José Félix Pineda Marcano era candidato pelo setor das Comunas (uma espécie de associação de vários bairros). Segundo a imprensa local, um suspeito se aproximou dele e efetuou vários disparos com uma arma.
Por Leonardo Fernandes e Jônatas Campos | Fonte: Brasil de Fato
Texto original em português do Brasil
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