A 25 de Agosto assinala-se o primeiro aniversário desde o início da grave crise dos Rohingya, em Myanmar. A Amnistia Internacional recorda este facto, e alerta que se reiteram as denúncias sobre a continuada impunidade nos crimes contra a humanidade e outras graves violações de direitos humanos cometidas pelas forças de segurança birmanesas.A organização de direitos humanos frisa que este momento é crucial para se alcançar genuína e eficaz responsabilização pelos crimes cometidos na crise do último ano e pelas terríveis condições de apartheid a que a população Rohingya é submetida de há muitos anos. Muito tem de ser feito e urgentemente pelas Nações Unidas, nomeadamente pelo Conselho de Direitos Humanos e pela Assembleia Geral, que se reúnem já no próximo mês, assim como pelo Conselho de Segurança.
A inércia dos líderes mundiais está a permitir que as forças de segurança birmanesas que cometeram crimes contra a humanidade continuem a evadir-se à responsabilização, um ano já passado desde que a campanha mortífera desencadeada contra os rohingya forçou esta população a um êxodo de proporções épicas, sustenta a Amnistia Internacional.
Mais de 700 mil mulheres, homens e crianças rohingya fugiram do Norte do estado de Rakhine para o vizinho Bangladesh depois de as forças de segurança birmanesas terem lançado, a 25 de Agosto de 2017, uma ofensiva generalizada e sistemática contra centenas de aldeias rohingya. A investida foi desencadeada na esteira de uma série de ataques contra postos de segurança de Myanmar pelo grupo armado rohingya Exército de Salvação Rohingya de Arracão (ARSA).
A Amnistia Internacional documentou extensivamente como a ofensiva militar birmanesa constitui limpeza étnica. Aí se inclui o deliberado ateamento de fogos em aldeias rohingya, o uso de minas terrestres e a prática de crimes contra a humanidade, incluindo execuções, violação, tortura, inanição imposta e deportações forçadas, assim como outras graves violações de direitos humanos contra os rohingya.
Este aniversário é um marco de vergonha. Continuando a falhar na responsabilização de quem cometeu crimes contra a humanidade, a comunidade internacional arrisca-se a enviar a mensagem de que o Exército de Myanmar não só gozará de impunidade, mas também lhe será permitido cometer de novo tais atrocidades. Não podemos deixar que isto aconteça”.
A Amnistia Internacional identificou já 13 pessoas, incluindo o comandante das Forças Armadas de Myanmar, general Min Aung Hlaing, pela sua responsabilidade nas atrocidades contra os rohingya.
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