São estas algumas das questões que surgem na contagem decrescente para as convenções nacionais dos partidos, das quais sairão os candidatos oficiais à presidência dos EUA.
Trump: “talvez” banir muçulmanos
Donald Trump pode estar a mudar de ideias quanto à sua proposta de banir a entrada de muçulmanos em território norte-americano: Hope Hicks, porta-voz do polémico candidato, anunciou na passada semana que este era a favor de barrar a entrada de muçulmanos de “Estados de terror”, não de todos os países.
Numa retrospectiva das declarações do empresário sobre o assunto, a CNN lembra que, logo após o tiroteio que matou 14 pessoas em San Bernardino, estado da Califórnia (em Dezembro do ano passado, da autoria de dois islamistas), o empresário falou pela primeira vez da “total e completa interdição da entrada de muçulmanos nos EUA até que os nossos representantes se apercebam do que se está a passar”.
Apesar das críticas de todos os quadrantes do espectro político, o candidato republicano manteve-se irredutível, ao ponto de afirmar ao jornalista Anderson Cooper que “o Islão odeia-nos”.
Após os recentes ataques em Orlando, Florida, onde um muçulmano matou a tiro 49 pessoas, Trump falou que iria “suspender a imigração de áreas do mundo onde existe uma história comprovada de terrorismo contra os EUA, a Europa ou os nossos aliados, até que compreendamos como acabar com tais ameaças”, sem detalhar se tal medida se aplicava a todos os muçulmanos.
Outro dos sinais de mudança foi dado pelo conselheiro-chefe para finanças nacionais do empresário, Steven Mnuchin, que declarou aos jornalistas, sobre as propostas do polémico candidato: “é sobre terrorismo e não sobre religião. Visa os muçulmanos que apoiam o terrorismo”, frisou.
Doações de Trump: as estimativas e a realidade
O polémico milionário Donald Trump cumpriu em Maio uma promessa feita quatro meses antes: a doação de um milhão de dólares para uma organização sem fins lucrativos de ajuda às famílias dos veteranos de guerra dos EUA.
Com frequência, nos seus discursos, Trump anuncia que fará doações com frequência para várias instituições de solidariedade social a partir dos lucros dos seus produtos e empresas. O Washington Post calcula que, a esta altura da campanha, o aspirante a chefe de Estado dos EUA já teria doado 8,5 milhões de dólares.
Porém, o empresário republicano, de acordo com registos públicos citados pelo jornal, doou menos de 3 milhões de dólares, menos de um terço da quantia total prometida, através de uma fundação criada para tais doações. O último registo que existe sobre transferências de dinheiro do empresário para a mencionada fundação data de 2008.
A equipa de campanha do candidato insiste que este fez diversas doações privadas, isto é, fora dos registos da sua fundação, e que este não vai tornar pública a sua declaração de impostos, o que confirmaria tais doações. Hope Hicks, porta-voz de Trump, enfatizou que “não há forma de vocês saberem ou perceberem”.
O Washington Post afirma ter estudado registos que vão até à década de 1980, respeitantes aos donativos feitos pelo empresário, revelando que existe um hábito de promessas de entregar dinheiro à caridade por parte deste; porém, na prática, cumpre de forma moderada essas promessas.
Num exemplo, o empresário prometeu oferecer os lucros do seu primeiro livro para a luta contra a SIDA e a esclerose múltipla. O dinheiro doado para essas causas foi em menor quantidade do que aquele doado para a escola de ballet da sua filha mais velha.
Foram ainda contactadas 167 organizações de solidariedade, com alguma ligação ao empresário (como donativos em ocasiões anteriores ou elogios públicos ao trabalho destas instituições), para tentar saber se Trump teria feito algum donativo, entre 2008 e Maio deste ano. Apenas em 2009 existe registo de um donativo: a Police Athletic League da cidade de Nova York recebeu entre 5 mil e 9 mil dólares do bilionário.
No total, de 2001 até agora, o diário norte-americano contabiliza 3,8 milhões de dólares doados pelo empresário através da sua fundação. Uma soma considerável, mas não entre os bilionários. Stanley Druckenmiller, um dos mais bem-sucedidos empresários de hedge funds, doou só no ano de 2013 120 milhões de dólares para causas sociais através da sua fundação.
Donald Trump declarou-se, em 1989, como o “agente das organizações de caridade”, quando lançou um jogo, semelhante ao Monopólio, prometendo doar 20 milhões de dólares das receitas desse jogo para essas instituições; a doação não aconteceu, porque o jogo não foi o sucesso de vendas esperado, nem quando os anúncios televisivos frisavam que os lucros iriam para a caridade. Mais tarde, Trump alegou que doou mais do que ganhou com o jogo.
Clinton e Warren unidas em comício
Na passada segunda-feira, a cidade de Cincinnati recebeu um comício de Hillary Clinton, que pela primeira vez foi acompanhada, segundo o o New York Times, da sua potencial candidata a vice-presidente dos EUA, a senadora do estado de Massachusetts, Elizabeth Warren.
Para Warren, foi uma oportunidade de se cimentar no Partido Democrata como uma figura liberal importante bem como reforçar a sua posição para o cargo de vice-presidente do país; para Clinton, foi mais uma tentativa de tentar aliciar os eleitores cépticos.
“Candidatei-me porque quero tornar iguais as oportunidades das pessoas cujas hipóteses estão todas contra elas. Para construir uma economia que trabalhe para todos, não apenas para os de topo; temos de pensar em grande e de fazer as coisas de forma ousada”, insistiu a antiga primeira-dama.
Antes de apoiar publicamente Hillary Clinton, a senadora Warren criticou as políticas económicas do então presidente e marido da actual candidata, Bill Clinton. Também dirigiu críticas à actual aspirante à Casa Branca, enquanto senadora de Nova York, ao censurar a sua mudança de posição sobre leis de bancarrota, as quais dificultaram a tarefa de alívio da dívida das famílias com problemas financeiros.
A mudança de opiniões notou-se na forma como Clinton elogiou a senadora do Massachusetts: “sempre que vocês a vêem pressionar um executivo da banca ou um regulador para dar respostas, lembrem-se que ela fala em nome de cada americano que está farto e frustrado”.
Trump foi, de novo, o alvo das críticas de ambas as oradoras, sobretudo de Clinton, que frisou com ironia que “os fatos dele vêm do México, a mobília dele é fabricada na Turquia, em vez de Cleveland”. Elizabeth Warren acrescentou: “ele diz que vai fazer a América grande de novo. Para quem, exactamente? Para famílias que não voam para a Escócia para jogar golfe?”, questionou com sarcasmo.