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Terça-feira, Julho 16, 2024

Coração se fecha ao trabalho sem vontade

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

Música e trabalho

Francisco, El Hombre

Para o grupo paulista Francisco, El Hombre, trabalhar sem vontade fecha o coração e nos desumaniza, por isso, perguntam: “Somos humanos ou máquinas”? Numa canção a desvendar a dor no peito pela imposição patronal e a fragmentação do trabalho, não permitindo ao trabalhador conhecer todo o processo de produção.

O grupo foi criado em 2013, em Campinas, no interior de São Paulo e é composto por mexicanos e brasileiros. Conta com dois álbuns e seu maior sucesso até o momento é “Triste, Louca ou Má”, de Juliana Strassacapa. O refrão da música diz “Que um homem não te define/Sua casa não te define/Sua carne não te define/Você é seu próprio lar.”

O grupo viralizou na internet ao cantar “Bolso Nada” e pedir as pessoas se darem as mãos e dizer para “ninguém soltar a mão de ninguém” até o Bolsonaro cair e continuarmos de mãos dadas para reconstruir o país devassado.

Como Uma Flor

Francisco, El Hombre

Me agarrei ao pé de um deus e meu coração se fechou
Fui trabalhar e meu coração se fechou
Eu me mudei para uma casa, mas eu não me encaixo lá
Não cabem meus sapatos, nem a lua, nem o sol

Me agarrei ao pé de um deus e meu coração se fechou
Fui trabalhar e meu coração se fechou
Eu me mudei para uma casa, mas eu não me encaixo lá
Não cabem meus sapatos, nem a lua, nem o sol

Coloquei uma gravata e meu coração se fechou
Cobria todo o meu peito, escondendo uma dor
Rasguei todas as roupas e, em seguida, nu
Tomei em minhas mãos o meu coração se abriu como uma flor
E abriu como uma flor

Me agarrei ao pé de um deus e meu coração se fechou
Fui trabalhar e meu coração se fechou
Eu me mudei para uma casa, mas eu não me encaixo lá
Não cabem meus sapatos, nem a lua, nem o sol

Coloquei uma gravata e meu coração se fechou
Cobria todo o meu peito, escondendo uma dor
Rasguei todas as roupas e, em seguida, nu
Tomei em minhas mãos o meu coração se abriu como uma flor
E abriu como uma flor

Somos humanos ou máquinas
Animais ou máquinas
Somos humanos ou máquinas
Não me enferruja a chuvaiaiá

Uma flor rasgou a rua
Desafiando a inércia cinza do ódio
Uma flor minha e sua
Florescendo trouxe vida à rua
Eu sou minha própria luz

Tome em suas mãos o seu coração
E vai se abrir como uma flor
E vai se abrir como uma flor

 

 

Criolo

O compositor e cantor paulista, Criolo canta o trabalho de um carnavalesco em pleno carnaval. E como qualquer trabalhador brasileiro acorda muito cedo e dá um duro danado por ter “As contas a pagar/Fila pra pegar/Senha pra rasgar/Fantasia.”

O personagem saiu de casa às pressas “Atravessou o morro/E do outro lado da nação/Levou um susto ao ver/Um povo que não tem/Com o que se preocupar”, justamente porque não trabalha e não precisa se preocupar se no dia seguinte vai ter feijão para encher a panela de sua casa. Muito clara a poesia em mostrar a realidade do capitalismo.

4 da Manhã

Criolo

Às 4 da manhã ele acordou
Tomou café sem pão
E foi a rua
Por o bloco pra desfilar
Atravessou o morro
E do outro lado da nação
Ficou com medo ao ver
Que seu bloco talvez não pudesse agradar
As contas a pagar
Fila pra pegar
Senha pra rasgar
Fantasia…

Que às 4 da manhã ele bordou sem pão
Junto a estandarte
Pois a alma pra lavar
Atravessou o morro
E do outro lado da nação
Levou um susto ao ver
Um povo que não tem
Com o que se preocupar
As contas a pagar
Fila pra pegar
Senha pra rasgar
Fantasia…

 

 

Seu Jorge

O músico carioca, Seu Jorge canta a vida de quem vive na correria das cidades grandes, revelando afinal que somos todos “boias-frias” em uma rotina de exploração e sacrifícios ao enfrentar transporte precário e lotado ainda pode ser demitido se chegar atrasado.

E denuncia o neoliberalismo excludente ao afirmar que “tem gari por aí que é formado engenheiro.”  Afinal, somos todos garis, engenheiros, jornalistas, advogados, artistas, somos todos trabalhadores. Falta avisar muita gente disso.

Trabalhador

Seu Jorge

Está na luta, no corre-corre, no dia a dia
Marmita é fria mas precisa ir trabalhar
Essa rotina em toda firma começa às sete da manhã
Patrão reclama e manda embora quem atrasar

Trabalhador
Trabalhador brasileiro
Dentista, frentista, polícia, bombeiro
Trabalhador brasileiro
Tem gari por aí que é formado engenheiro
Trabalhador brasileiro
Trabalhador

E sem dinheiro vai dar um jeito
Vai pro serviço
É compromisso, vai ter problema se ele faltar
Salário é pouco, não dá pra nada
Desempregado também não dá
E desse jeito a vida segue sem melhorar

Trabalhador
Trabalhador brasileiro
Garçom, garçonete, jurista, pedreiro
Trabalhador brasileiro
Trabalha igual burro e não ganha dinheiro
Trabalhador brasileiro
Trabalhador


Texto em português do Brasil


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