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Domingo, Novembro 17, 2024

É preciso lucidez para salvar vidas

Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Marcos Aurélio Ruy, em São Paulo
Jornalista, assessor do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo

Está clara a incapacidade de Jair Bolsonaro para exercer o cargo da Presidência da República em qualquer situação, imagine então numa situação de pandemia viral.

Além de não tomar nenhuma medida para conter o novo coronavírus, Bolsonaro exorta o povo a sair do isolamento social proposta pela Organização Mundial da Saúde. Numa arriscada jogada política para golpear a democracia, já que se isola dia a dia.

O presidente, eleito por menos de 40% do total de eleitores em 2018, já ultrapassou todos os limites de sua própria insanidade. Suas falas são sempre contra a prevenção de vidas. Não dá mais. Ou o Brasil tira Bolsonaro do cargo mais importante do país ou a situação pode ser catastrófica além de todas as contas.

O Congresso Nacional está chamado a exercer o papel que o presidente não faz. É necessário pensar nos 210 milhões de brasileiros e brasileiras. Há urgência em devolver a Medida Provisória (MP) 927 que pode criar o caos porque visa proteger apenas o patrimônio dos mais ricos e não faz nada para proteger quem vive do trabalho e, pior ainda, os que estão sem emprego, trabalho precário ou moram nas ruas.

Como forma de obter verba para o necessário combate às pandemia com preservação de vidas, tem circulado pelas redes sociais a proposta de criação de um imposto de 3% sobre os 206 bilionários existentes no país, que respondem por uma fortuna calculada em R$ 1,2 trilhão.

A arrecadação com isso seria de R$ 36 bilhões, superior a 1/3 de todo o orçamento do Ministério da Saúde, em 2020, e mais que o orçamento anual do Bolsa Família, que o governo federal corta beneficiários. Além disso, se o país taxasse os 1% mais ricos poderia arrecadar mais R$ 80 bilhões, como noticiou o Portal Vermelho. Somados seriam R$ 116 bilhões que poderiam ser usados no combate à pandemia, neste momento e para a educação e saúde públicas no futuro.

Até o momento, os dirigentes políticos com maioria no Congresso, falam em sacrifício de trabalhadoras e trabalhadores do setor público, pensando em redução de salários. Poucos defendem a taxação de grandes fortunas, mas sem essa taxação tudo pode degringolar. Cobrar imposto dos mais ricos não os prejudicará em nada e poderá beneficiar milhões de pessoas

É preciso pensar nos mais pobres e planejar o combate à Covid-19 em favelas, aldeias de povos indígenas, promover o isolamento social adequadamente e procurar os remédios que têm apresentado resultados como os de Cuba e China. É preciso comprar mais testes para testes em massa como fez a Coreia do Sul com resultados extraordinários para vencer a Covid-19.

Vários governos vêm tomando medidas em favor dos mais pobres. Na França, o governo suspendeu o pagamento das taxas de água, luz e gás e estatizou provisoriamente muitos hospitais. O presidente da França, Emmanuel Macron, de extrema-direita, reconheceu publicamente inclusive a falência do projeto neoliberal e prega mudanças profundas no capitalismo.

O historiador Eric Hosbawm, em seu livro Como Mudar o Mundo, afirma que o capitalismo não tem solução para a humanidade, aliás, “o capitalismo é o problema”. Os acontecimentos comprovam essa afirmação com muita clareza e profundidade.

Inclusive a mídia, elogiada por uns, tem feito o papel torpe de sempre. Bastou a edição de uma medida provisória em favor do capital para amenizarem os ataques ao ainda presidente.

Tem até analista dizendo que a pandemia evidenciou um “mau individualismo”, como se existisse um bom individualismo, numa tentativa de justificar os efeitos de suas críticas ao projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho e combate à pobreza, alegando o fantasma do comunismo.

É preciso pôr de ponta cabeça as ideias de meritocracia e empreendedorismo. Essas questões só seriam válidas em uma sociedade com possibilidades iguais para todos e todas. E o Brasil é um dos países mais concentradores de riqueza. Poucos têm muito e a imensa maioria sobrevive com muita luta e suor, à duras penas.

Mais do que nunca é preciso mudar o mundo, inverter a lógica do livre mercado e valorizar as pessoas, o trabalho, a natureza, a vida. Suplantar os valores burgueses de concentração de riqueza e dar valor ao bem comum.

Para isso, é importante a união de todos os setores democráticos com objetivo de frear o avanço do mal, do individualismo, da soberba. Levar a vida com resiliência e respeito.

Afinal, a pandemia do novo coronavírus mostra a urgência de mudar o mundo, transformando-o em um lugar bom para todas e todos.


Texto em português do Brasil


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