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João de Sousa

Sábado, Novembro 2, 2024

Corrupção e privatização, duas faces da mesma moeda

No Brasil, todas as privatizações foram realizadas através do uso do Estado para beneficiar um grupo de privilegiados.

No mês de junho, o Congresso aprovou o novo marco regulatório do saneamento. Ele abre a possibilidade de privatização da distribuição da água e do tratamento de esgoto no país. Ao mesmo tempo em que Paulo Guedes, sócio de Jair Bolsonaro e banqueiro, quer retomar as reformas, começando pela privatização de várias estatais.

Chama-me a atenção que essas ideias ocorram no mesmo momento em que uma operação da Polícia Federal realiza busca e apreensão de documentos na casa de um senador da República. Para mim, os fatos estão relacionados, um é a causa do outro, pois, no Brasil, todas as privatizações foram realizadas através do uso do Estado para beneficiar um grupo de privilegiados.

Senão, vejamos:

  1. Quando Miguel Arraes era governador pediu recursos para sanear o Bandepe, que estava com um rombo em virtude do PFL ter usado o banco para privilegiar seus amigos usineiros. O referido pedido foi condicionado por FHC, presidente na época, a privatização do banco. O Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer) foi criado para beneficiar os banqueiros da época. Um assalto aos cofres públicos de cerca de R$ 90 bilhões.
  2. Privatização da Vale do Rio Doce – o governo FHC destruiu o patrimônio nacional através do suspeito programa de privatização de estatais com o argumento de modernização da economia e diminuição de endividamento. Até hoje nenhum dos argumentos do sociólogo-presidente se verificou, nem foi explicado o porquê de uma empresa com patrimônio de R$ 100 bilhões ser vendida por R$ 3 bilhões.
  3. O desgoverno Bolsonaro acaba de abrir uma linha de empréstimos subsidiados para as distribuidoras de energias, a maioria recém-privatizadas; estão sendo concedidos benefícios às ex-estatais porque o governo as privatizou.

Vamos ficar com esses exemplos. Toda vez que escuto alguém dizendo que vai privatizar alguma empresa me vem à cabeça duas coisas, 1) quem defende a privatização deve ser muito incompetente, pois não consegue administrar uma empresa pública que conta com um mercado cativo, 2) quanto estão ganhando nessas negociatas, pois não conheço uma privatização que não tenha por trás alguma negociata, haja vista a venda da BR distribuidora, A empresa que teve receita de quase R$ 100 bilhões em 2018 e lucro de mais de R$ 3 bilhões teve 30% de seu capital vendido por 9,2 bilhões. Não conheço um empresário que iria abrir mão de uma empresa lucrativa. Alguém está ganhou muito dinheiro e não é o povo brasileiro.

A modernização da economia é algo saudável. Na china, por exemplo, não se privatiza empresas públicas. Lá se incentiva que empresas privadas participem do mercado e a livre concorrência obrigue que todas as empresas melhorarem seus serviços. Os EUA durante a crise de 2008 estatizaram a General Motors e salvaram 68 mil empregos e mais um conjunto de outras empresas que desenvolvem tecnologia para ela.

O problema da falta de saneamento não se resolverá pela privatização, pois a iniciativa privada irá adquirir as empresas se o estado financiar a compra. O problema da falta de saneamento se soma aos problemas de saúde e educação. Falta de recursos para investimento. Enquanto tivermos 51% do orçamento destinado a banqueiros não teremos recurso para o povo. Essa é hoje a maior corrupção do país. Temos um estado privatizado, dirigido por banqueiros e seus sócios, cuja única finalidade é aumentar seus lucros. Se quisermos acabar realmente com a corrupção temos que imediatamente retirar a família Bolsonaro do poder, suspender todas as privatizações e realizarmos a auditoria da dívida com a responsabilização de todos pelos desvios que certamente iremos encontrar. A lava jato não passa de fake para desviar o país da verdadeira corrupção que é a destruição das empresas brasileiras e sua entrega aos amigos de Moro e Dellagnol.


por Isaac Casimiro, Economista e pós-graduado em Gestão em Desenvolvimento Local   |  Texto original em português do Brasil

Exclusivo Editorial PV / Tornado

 

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