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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Cristo Morto, Andrea Mantegna

Guilherme Antunes
Guilherme Antunes
Licenciado em História de Arte | UNL

“Cristo Morto”, de Andrea Mantegna. Foi um pintor e gravador do Renascimento na Itália.

Eis um tesouro da História de Arte da Pintura. Iconografar desta forma em finais do século XV, é de um mérito criativo extraordinário. Muito inovador, o artista aborda o tema pelos pés do cadáver, na procura de uma perspectiva heterodoxa. Ao forçar esta composição estilística, rompe com a tradição, pouco se importando do respeito pelas regras estabelecidas.

A morte está ali, defronte do observador, apresentando-se violenta e definitiva (?), teoria contrariada pela casmurrice da hierarquia católica, que consegue ver vida para além da morte. Dessacrilização de todos os cânones até aí brandidos pelo catolicismo imperativo, o grande Mantegna procura registar, não obstante a sua profunda religiosidade, a inevitabilidade do homem que se fará pó. Interessante o pormenor das santas mulheres enrugadas de tristeza, desenhando uma dor de grande intensidade dramática.

Informação adicional

Artista: Andrea Mantegna
Título: Lamentazione sul Cristo morto
Material: Têmpera
Criação: 1480
Dimensões: 68 cm x 81 cm
Local: Pinacoteca de Brera
Período: Renascimento, Primeira Renascença


Nota da Edição

Andrea Mantegna 1431-1506

Andrea Mantegna foi um pintor e gravador do Renascimento na Itália. Foi o primeiro grande artista da Itália setentrional.

O seu primeiro trabalho comissionado foi uma peça, hoje perdida, para o altar da igreja de Santa Sofia, em 1448. No mesmo ano, junto com Nicolo Pizolo, trabalhou na decoração da capela Ovetari, da igreja dos Eremitas. Mantegna também adopta o drapeado característico grego-romano nas roupas de suas figuras, embora a tensão e a interacção se deva a Donatello. Os desenhos preparatórios provam que figuras nuas foram usadas na concepção dos trabalhos.

Embora substancialmente relacionada com o século XV, a influência de Mantegna está bem marcada sobre o estilo e as tendências da arte italiana de sua época. Giovanni Bellini nos seus primeiros trabalhos obviamente segue os passos do cunhado. Albrecht Durer foi influenciado pelo estilo durante as suas duas viagens à Itália. Leonardo da Vinci pegou de Mantegna o uso da decoração com festões e frutas. Mas o maior legado é considerado a introdução de um ilusionismo espacial, seja em afrescos ou em pinturas sacras; a sua tradição de decorar forros foi seguida por três séculos. Inspirando-se no Sala dos esposos, Correggio produziu sua obra maior do domo da catedral de Parma baseado na pesquisa de Mantegna sobre perspectiva.


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