… na qual o ministro convida os cidadãos em geral e a comunidade académica em particular a colaborarem na integração e dignificação dos novos estudantes. Referindo-se às praxes académicas, o ministro refere que o ingresso no ensino superior tem sido marcado por práticas contrárias aos ideais da liberdade, crítica e emancipação dos jovens, estando associado a situações que nada têm a ver com esses ideais”.
O ministro vai, porém, mais longe e numa decisão inédita anuncia, entre outras iniciativas, que “deu instruções à Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) para que “apoie a realização de acções de índole científico-cultural destinadas à integração dos novos estudantes através da autorização de despesas pelas Unidades de Investigação, a desenvolver em parceria com as associações de estudantes”, até 5% dos seus orçamentos plurianuais.
O Expresso não deu qualquer relevo à carta aberta do ministro, o que é inexplicável num jornal de referência. O caso é notório dado que na mesma edição o Expresso faz uma chamada de primeira página para o livro do ex-assessor do ex-presidente Cavaco Silva, Fernando Lima, a sair nos próximos dias, no qual, a crer nos excertos divulgados, Lima acusa o seu antigo chefe, a propósito do caso que ficou conhecido como “as escutas a Belém” de ter “receado mais ataques socráticos”.
Não sei se o Expresso desvalorizou a carta aberta do ministro Manuel Heitor por não a ter lido ou por se tratar de um texto de opinião. Porém, o seu conteúdo teria merecido aprofundamento jornalístico se o interesse público e os valores de um jornal de referência tivessem prevalecido sobre a fofoca política. Não foi, porém, isso que se verificou e a intriga política prevaleceu sobre o apoio aos novos estudantes do ensino superior.
Critérios jornalísticos são isto mesmo; escolhas que não precisam de explicação….