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É que em Money Monster, serve-se de um tema de alcance global, como a fragilidade da economia e da alta finança, para ensaiar um novo espelho entre o cinema e a televisão. E, como se isso não bastasse, convidando nada menos que George Clooney e Julia Roberts para presenciar o momento em que a estrela não são eles, mas a personagem de um John Doe que decide agir por conta própria.
Naturalmente, a Sony Pictures só poderia apreciar um projecto que surge com um tom popular mas para um gosto de interesse global.
Money Monster é também o nome de um programa de economia em versão sensacionalista conduzido pelo imprevisível Lee Gates (nenhuma relação com Bill Gates, o senhor mais rico do mundo), numa prestação de George Clooney que o leva a entrar em cena em ritmo de um hiphop esforçado.
Um produto de prime time seguido religiosamente pelos ‘donos disto tudo’ e pelo povo apenas remediado. Pois foi um anónimo qualquer chamado Kyle Budwell (defendido com bravura por Jack O’Connell, o puto armado em skinhead que deu nas vistas em Isto é a Inglaterra, em 2006) e que agora decide pegar numa arma e entrar em directo no estúdio e levar o Sr. Gates a resolver o seu problema.
É que o bom do Kyle seguiu à risca o conselho de Gates e pegou no pé de meia da família e aplicou-o em acções que acabaram por esfumar-se. Um glitch informático, disseram. Uma espécie de bug, para explicar aquilo que não tem explicação. Ou, melhor, que alguém soube usar em seu favor.
Com Gates atado a um colete de explosivos e uma arma apontada à cabeça, o programa começa a tornar-se, não viral, mas demasiado real, com uma eficiente Julia Roberts no papel da realizadora surpreendida em directo. Até porque seguido com mais atenção que um reality show de sucesso.
Lembram-se de The Truman Show – A Vida em Directo (1998) e Edtv (1999), com o efeito mágico da televisão em directo? Pois é um pouco isso que se vive aqui também. Como que o cinema, por momentos, fosse reduzido para dar espaço aos tipos a seguirem uma espécie de novela na tv.
É claro que tem de haver um ‘peixe grande’ na equação aqui representado por Dominic West, uma repórter esforçada (Caitriona Balfe), a mulher grávida do ‘pobre coitado’ na televisão (Emily Meade), a SWAT Team preparada para atacar… O habitual.
O problema é que Foster acaba por não trazer nada de novo em Money Monster. Apenas um episódio de frisson em directo, sobre um tema sensível, com um desfecho que não é difícil de prever.
O chato é perceber que a televisão se sobrepõe ao cinema. Como se o cinema precisasse desse empurrão para ficar mais interessante.
Por momento, durante o visionamento, dei comigo a pensar em como até seria um episódio engraçado para retratar nas novas e espevitadas telenovelas portuguesas. Enfim, mas isso já era outro filme.
A nossa classificação de * a *****