A Rússia dos Czares aconteceu num tempo histórico em que o feudalismo era o suporte estrutural do modelo económico vigente. Um modelo político absolutista.
Estas duas condicionantes, a económica e a política, ao não acompanharem a revolução industrial, acabaram por contribuir para um atraso civilizacional que deu origem às condições essenciais para uma revolução anunciada. A da transformação do modelo económico e político czarista que mesmo tentando promover a industrialização da Rússia não conseguiu evitar a revolução bolchevique de Outubro de 1917.
Ainda não existia a União Soviética.
A União Soviética é formada em 1922 com o nome de União das Repúblicas Socialista Russas, agrupando quinze nações com governo nacional em Moscovo.
O modelo político czarista mais não era do que um modelo Monárquico que acompanhou o modelo imperial expansionista romano e napoleónico, “grosso modo”, e que por isso alargou a sua influência sobre outras nações.
Confundir a Rússia dos Czares com a URSS e introduzir neste pazle a Rússia de Putin, é, no mínimo, distorcer os contextos económicos e políticos da História naquela que é uma zona geoestratégica da Europa mas também da Ásia.
Esta enormidade na informação veiculada por fazedores de opinião em narrativas de comentadores ditos credenciados e académicos de gabarito acaba sendo desinformação histórica sobre a origem e o caminho das nações e das suas civilizações.
A Rússia de Putin não é, de todo, a Rússia dos povos inseridos na Federação Russa.
A Rússia de Putin, é um modelo político que oprime; mata; e persegue os povos.
Modelo político que todos conhecemos e que neste momento enfrenta os maiores desafios da História da Humanidade para garantir a sua sobrevivência:
– O desafio da transparência nos atos e o desafio da globalização nos procedimentos;
Estas duas condições balizam a diferença entre o modelo económico assente no capitalismo aonde a pretexto da criação de riqueza para alguns vale tudo, inclusive a fomentação da eclosão de guerras fratricidas, e o modelo social da partilha da mesma riqueza produzida com equidade e justiça social.
Ora, no atual estádio civilizacional, as civilizações já não aceitam estar subjugados a interesses de grupos e lutam por modelos democráticos onde a liberdade e o direito a escolher os seus dirigentes seja efetivo na senda da transparência económica e política rumo a uma globalização que só é possível em democracia e com a partilha dos recursos naturais. Recursos esses cada vez mais escassos.
Coisa que os “Putinistas”, tenham eles o rótulo que tiverem e a hipocrisia possível, não querem, por colocar em causa os seus interesses económicos e políticos mas também e, sobre tudo, de domínio do poder.
O poder absolutista está por isso em transformação profunda monitorizada em canais de sinal elétrico ao alcance da cidadania, pela primeira vez na História da Humanidade, o que lhe permite a curto prazo o controlo do poder económico.
Este, será, quiçá, a verdadeira face do problema: a transição para um novo modelo de organização das sociedades do futuro que os oligarcas querem reverter e que, não o conseguindo, pretendem pela via da eliminação de parte da Humanidade manter as condições para se manterem no poder. E assim, instigam a eclosão de guerras fratricidas por onde podem e tem condições políticas para o fazer.
É um sério aviso aos modelos políticos democráticos para que se unam no combate às assimetrias sociais geradoras de apoiantes de “Putinistas” no seu seio à espera da oportunidade para instalarem o terror e por essa via conquistarem o poder e, depois de instalados, reverterem a História.
Por opção do autor, este artigo respeita o AO90