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João de Sousa

Domingo, Novembro 3, 2024

Da guerra

J. A. Nunes Carneiro, no Porto
J. A. Nunes Carneiro, no Porto
Consultor e Formador

DIA 15, FALAMOS

Uma breve reflexão sobre a guerra e os dois lados da barricada ideológica que se têm espelhado nas redes sociais e em colunas de opinião.

Primeira ideia que me choca: os EUA não deviam estar ao lado da Ucrânia porque, no seu historial, há muitas interferências militares ilegítimas noutros países. É verdade que os EUA não têm uma história limpa. Sem dúvida. E o que se disse quando eles invadiram ou apoiaram regimes pouco ou nada democráticos? Foram, e muito bem, condenados e criticados.

Dúvida: os crimes cometidos pelos EUA no passado legitimam a actual invasão militar decidida por Putin e a guerra provocada?

Outra ideia: no passado, os EUA não permitiram que os povos dos países em que intervieram pudessem decidir do seu destino, destruindo a sua soberania.

Dúvida: com a invasão militar da Ucrânia, de que forma o povo ucraniano pode manifestar a sua opinião ou defender a sua soberania?

Terceira ideia: os EUA e a União Europeia estão a interferir no conflito (envio de armas, sanções, etc.) de forma ilegítima.

Dúvidas: deveríamos todos nós aceitar de bom grado a invasão? Um país invade o território de outro país soberano e nós nada fazemos? Pela minha parte não quero ser cúmplice.

Quarta ideia: a acusação de que o governo ucraniano estaria a reprimir o povo de algumas regiões, suponho que se referem às duas regiões onde existem movimentos separatistas. Se isso for verdade (não possuo informação fidedigna sobre o assunto), suponho que a melhor solução seria apoiar esses separatistas e condenar na ONU o comportamento ilegítimo do governo ucraniano.

Dúvida: para apoiar os separatistas é necessário começar uma guerra total e invadir não só essas regiões supostamente oprimidas mas todo o país?

Finalmente, alguns factos que talvez fosse bom não esquecer: a Rússia actual não é uma democracia; Putin é um ditador; há imensa resistência interna (veja-se as notícias sobre milhares de cidadãos detidos por se manifestarem contra a guerra); o regime de Putin tem desestabilizado vários países europeus (e os EUA) apoiando activamente as forças de extrema-direita não democráticas.

O que está em causa na guerra na Ucrânia não é apenas a tentativa de destruição de uma nação e do seu povo (e isso já seria mais do que suficiente para desencadear a nossa oposição).

O que está em causa é a Europa, a democracia, a liberdade, a cultura europeia, a identidade de tolerância: em síntese, o nosso mundo que julgávamos garantido e que agora percebemos que está em perigo. E em perigo sério.

P.S. Recordar que o nosso inimigo não é o povo russo mas sim Putin (o seu regime e seus apoiantes).

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