DIA 15, FALAMOS
Passam 20 anos sobre o 11 de Setembro.
Muito se escreveu e falou, por estes dias, sobre esta data. De facto, esta é uma data essencial do século XXI: pelo impacto que teve na altura e pelas repercussões (políticas, sociais, culturais, económicas, etc.) que provocou em todo o mundo. E também pela mudança estrutural que influenciou a forma como evoluiu a política internacional e alguns dos seus temas dominantes: a ameaça global do terrorismo, a guerra, a paz, os refugiados, os conflitos entre países (e, até, dentro de países) e, sobretudo, este tempo de permanente incerteza.
Quando os atentados ocorreram e foram vistos em directo por milhões de pessoas em todo o mundo, talvez não estivéssemos completamente conscientes desta nova situação. Mas, na realidade, vivemos desde então um crescente aumento da incerteza sobre o nosso presente e sobre elementos cruciais que considerávamos inquestionáveis: a liberdade e a democracia; a segurança e a paz.
Desde 11 de Setembro de 2001, assistimos ao crescimento das ameaças à liberdade e à democracia: a consolidação de formas de democracia condicionada (incluindo em países da União Europeia), a afirmação de novas forças autoritárias que conquistam posições de governo ou ocupam lugares em parlamentos e noutros órgãos de poder. A persistente ameaça à segurança e os permanentes riscos de ataques terroristas. O recurso à força e às iniciativas de guerra para resolver conflitos e diferenças de opinião.
Todo uma complexa e vasta situação em que a incerteza predomina. Em que os valores que considerávamos intocáveis durante décadas são postos em causa. Em que nos sentimos muitas vezes impotentes e incapazes. Em que vítimas inocentes são abandonadas à sua sorte sem esperança e sem futuro.
Tempo de incerteza que tem de gerar também (e uma vez mais) vontade de resistir e de agir. A nossa eventual passividade nunca ser]a neutra. Tudo isto não diz respeito apenas aos outros. Diz, em primeiro lugar, respeito a todos nós independentemente da nossa condição, do nosso país, da nossa religião, das nossas opiniões e das nossas convicções. O nosso presente e o futuro das gerações vindouras estão a ser postos em causa.
Este tempo de incerteza tem de ser, com urgência, um tempo de combate e não de refúgio numa absurda neutralidade. Cada pessoa, cada palavra, cada acção, cada voz contam.