Em agosto de 1992 foram três dias entre o pedido de apoio de Collor, no dia 13, e a explosão cara-pintada do dia 16, o Domingo Negro.
Numa quinta-feira, em 13 de agosto de 1992, o então presidente da República Fernando Collor de Mello convocou a população para que saísse às ruas, no domingo seguinte, dia 16, vestida de verde e amarelo, em apoio a ele e a seu mandato, ameaçado de impeachment no Congresso Nacional.
Eram apenas três dias, da quinta, 13, ao domingo, 16 – mas foi tempo suficiente para que a União Nacional dos Estudantes, a União Brasileira de Estudantes Secundaristas, os partidos, os sindicatos e as lideranças democráticas, como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) fizessem mudar o caráter daquela manifestação. E, no domingo, dia 16, as praças e ruas do Brasil foram tomadas por multidões vestidas de negro, muitos com a cara-pintada, para deixar claro o repúdio ao presidente acusado de corrupção, impopular pelo confisco da poupança em 1990, pelos ataques aos direitos dos trabalhadores e da população e pelas medidas neoliberais que abriam a economia brasileira aos produtos estrangeiros, à custa do emprego dos brasileiros.
As suspeitas contra o presidente da extrema-direita Jair Bolsonaro e seus familiares donos de mandatos parlamentares, são mais graves. Além de manter a economia a fogo lento, sem providências contra o gigantesco desemprego que beira os 13 milhões de trabalhadores sem ocupação nem renda, há preocupantes notícias que vinculam o presidente e sua família ao crime organizado no Rio de Janeiro, sem que sejam apuradas ou mereçam uma explicação minimamente convincente, em respeito aos brasileiros.
Este presidente, a exemplo do que fez Collor há 28 anos atrás, pede uma carta branca aos brasileiros e os convoca a se manifestarem no dia 15 de março contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), numa clara tentativa golpista para submeter os demais poderes da República e concentrá-los em suas mãos.
Estamos no dia 27 de fevereiro – o vídeo golpista é do dia 20. Daqui até o dia 15 são pouco mais de duas semanas – muito mais do que os três dias que houve entre 13 e 16 de agosto de 1992. Onde estão os valiosos lutadores da UNE e da UBES? Onde estão os trabalhadores, os democratas, os patriotas – onde estão todos aqueles não aceitam os rumos nefastos que o Brasil toma sob o comando da direita?
Texto em português do Brasil