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João de Sousa

Sexta-feira, Novembro 1, 2024

Da negação

J. A. Nunes Carneiro, no Porto
J. A. Nunes Carneiro, no Porto
Consultor e Formador

DIA 15, FALAMOS

A negação da pandemia ou a recusa de tomar a vacina são duas faces de uma mesma moeda. A pretexto de uma suposta preservação da liberdade individual, há pessoas que não se incomodam em colocar em risco a saúde pública de muitas outras pessoas.

A defesa da liberdade individual tem limites: o primeiro dos quais é, suponho, não colocar em causa a liberdade e o bem-estar dos outros.

Por isso, era importante que fossem tomadas medidas para que estes negacionistas e/ou defensores da não-vacinação fossem compelidos a respeitar as regras do bom senso.

Então, vamos atentar com a liberdade individual? Claro que não. Do meu ponto de vista, bastaria que se tomassem decisões que impedissem essas pessoas de estarem em contacto com terceiros, impedindo-os de se dirigirem ao seu local de trabalho/estudo e se restringisse a sua mistura com outros (espaços públicos e em contacto com outras pessoas), reduzindo os riscos de contágio e propagação da doença. Pode isto ser considerado pouco ético? Pode isto ser visto como uma restrição inconstitucional das liberdades? Francamente, mesmo não sendo jurista, acho que são razões de salvaguarda da saúde pública. São medidas para acautelar que o vírus não tenha a sua vida facilitada. Em nome do bem comum.

Já agora, gostaria de ver estas pessoas que se recusam a tomar a vacina e a respeitar as regras básicas da etiqueta social (uso de máscaras, distanciamento interpessoal, etc.) a assumirem que renunciarão ao tratamento em hospitais públicos se ficarem infectadas. Isso sim, seria um acto de coragem e coerência. Caso contrário, a sua liberdade e a sua inconsciência, se as coisas correrem mal, ainda vão ter de ser pagas pelos contribuintes. É fácil falar e contestar as medidas. Mas, uma vez infectadas e a precisarem de tratamento, serão os primeiras pessoas a exigir que o Estado (e o SNS) lhe concedam gratuitamente o direito à saúde. Nesses momentos, muito provavelmente, não vão reclamar a sua liberdade individual de escolher um hospital privado e pagarem, do seu próprio bolso e na íntegra, o seu tratamento.

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