Considerada uma das maiores lideranças feministas no Brasil, a deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) publicou em suas redes sociais dados alarmantes sobre casos de violência contra mulheres no começo do ano no Brasil.
Citando reportagem do jornal O Globo, a deputada registrou que “em apenas 11 dias, 33 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil”. Ela também sugeriu que se faça uma mobilização “para mostrar que não vamos aceitar a total destruição dos parâmetros básicos da civilização e dos direitos humanos”.
“Todo mundo que entra num relacionamento amoroso tem muitos medos. Medo de não ser amado. Medo de se entregar demais. Medo de dar errado. Medo de cometer os mesmos erros do passado. Medo de estar indo rápido demais. Devagar demais. Ou de estar fazendo a escolha certa. Todo mundo que sai de um relacionamento amoroso tem muitos medos. Medo da solidão. Medo de nunca mais amar alguém de novo. Da vida nova. De perder amigos. Medo de mudar de casa ou ficar naquela casa. Medo de tocar aquela música no rádio. Medo de chorar em público. Medo de estar fazendo a escolha errada.Mas tem um medo que só uma mulher tem ao entrar ou sair de um relacionamento amoroso com um homem: o medo de ser assassinada.”
Renata Corrêa
O texto acima, da escritora e roteirista Renata Corrêa, foi destacado pela deputada estadual Manuela D’Ávila (PCdoB) neste sábado, em suas redes sociais, para chamar atenção para o aumento exponencial de casos de violência contra mulheres no Brasil. Junto ao texto, Manuela publicou prints de uma reportagem do jornal O Globo que revela uma verdadeira explosão de casos de feminicídio no Brasil. Só nos primeiros 11 dias de 2019, foram 33 feminicídios. 16 mulheres morreram e 17 sobreviveram. Média é de 5 casos a cada 24 h.
Em apenas 11 dias, 33 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil. Dados alarmantes que revelam que a violência contra a mulher é um problema social e de saúde pública. Embora obtivemos conquistas nos últimos anos, como a lei Maria da Penha, há ainda muito o que avançar. pic.twitter.com/SDy15zfOBB
— Manuela (@ManuelaDavila) 12 de janeiro de 2019
Em postagem posterior, Manuela destacou a notícia de que um Policial Militar que jogou ácido na própria esposa após uma briga do casal e, não só ficou impune, sem nenhuma condenação pelo crime, como foi, recentemente, promovido a diretor da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Olhem essa notícia. Olhem a outra que postamos antes sobre o aumento exponencial no número de feminicídios. As atitudes tomadas pelos governos de ultra-direita eleitos em outubro, além de serem absurdas em si, geram uma cadeia de consequências. Eles já demonstraram que não tem limites. Precisamos nos mobilizar para mostrar que não vamos aceitar a total destruição dos parâmetros básicos da civilização e dos direitos humanos”.
Durante a campanha presidencial de 2018, na qual foi candidata a vice-presidente na chapa encabeçada por Fernando Haddad (PT), Manuela participou de vários debates sobre a questão do feminicídio e violência contra as mulheres. Num deles, em Cuiabá (MT), Manuela destacou que a criação sexista que todas as crianças recebem desde a gestação, mesmo com a escolha do enxoval e dos brinquedos, como a causa inicial da violência contra a mulher. Em uma longa fala, explanou sobre os ‘papeis sociais’ impostos a cada um, e sobre a necessidade de uma educação pela diversidade.
“Às vezes me falam, mas os nossos jovens mal aprendem operações básicas da matemática e língua portuguesa, tu quer falar sobre o direito da mulher? Quero. Porque pra mim, a vida da Izabel é mais importante do que crase. Eu não cheguei até aqui porque eu sei crase e o uso dos porquês. Também é por isso, claro, mas eu cheguei até aqui porque eu sobrevivi, em primeiro lugar. Porque eu sabia que eu podia falar alto quando eu quisesse falar, e porque ninguém iria calar a minha boca. Então, sim, operações básicas, divisão, multiplicação, estruturam a nossa possibilidade de futuro, mas nós mulheres precisamos estar vivas pra isso. E pra mim, a nossa vida, do ponto de vista hierárquico, a vida das trans, a vida da população LGBT, dos negros, é mais importante do que matemática e do que português. Porque pra nós aprendermos matemática e português e servirmos ao Brasil, nós precisamos estar vivas”.
Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado