Aos 65 anos, David Byrne está em alta. O multi-instrumentista escocês, icónico líder dos Talking Heads, acaba de lançar o projecto multimédia “Reasons to Be Cheerful”, onde apresenta casos de estudo sobre coisas que funcionam (bem) ao nível da saúde, dos transportes, da educação, da economia, da sociedade, do clima e energia, das artes e música, da responsabilidade cívica, da ciência e da tecnologia. No início de Março lança “American Utopia”, o seu novo trabalho de originais, com letras suas e músicas de Brian Eno. Ao mesmo tempo arranca com a “American Utopia Tour”, que passa por Cascais a 11 de Julho para um espectáculo único integrado no EDP Cool Jazz.
Desde muito novo apaixonado por música, aos 5 anos David já tocava harmónica. Com 8 anos a sua família mudou-se para Maryland, nos Estados Unidos, onde o seu pai era engenheiro eletrotécnico. Antes do ensino secundário David aprendeu a tocar guitarra, acordeão e violino. A sua primeira banda chamou-se Revelation e surgiu no final dos anos 60. Seguiu-se em 1971 o duo Bizadi e em 1973 os Artistics, com Chris Frantz. Em 1974, mudou-se para Nova Iorque com Chris e a namorada deste, Tina Weymouth. Em 1975 surgiram os Talking Heads, um termo utilizado pelos estúdios de televisão para designar um plano fixo do busto de uma pessoa a falar.
Com os Talking Heads, cuja formação se completou em 1977 com o teclista Jerry Harrison, David Byrne gravou 20 álbuns, incluindo temas como “Psycho Killer”, “Road to Nowhere” ou “Once in a Lifetime”. A partir de 1978 iniciou uma profícua e duradoura parceria com Brian Eno e em 1981 iniciou a sua carreira a solo, com o álbum “My Life in the Bush of Ghosts”.
Em nome pessoal David Byrne publicou 11 álbuns de estúdio, 5 álbuns ao vivo e 10 bandas sonoras. Artista multifacetado, trabalhou em teatro com Robert Wilson, em ballet com Twyla Tharp, compôs música clássica e uma ópera com Fatboy Slim sobre a vida de Imelda Marcos, fundou 2 editoras discográficas (Luaka Bop e Todo Mundo) e uma rádio online. Participou num episódio dos Simpsons e em 5 colectâneas da Red Hot Organization, para apoiar a luta contra a SIDA. Colaborou com Paul Simon, Richard Thompson, Selena, Devo, Morcheeba, St Vincent, Thievery Corporation, Dirty Projectors, Anna Calvi e muitos outros. Com os Talking Heads integrou o Rock and Roll Hall of Fame, com Ryuichi Sakamoto e Cong Su ganhou o Óscar para a melhor banda sonora em 1988, com o filme “O Último Imperador”.
Para lá da música, a sua paixão por bicicletas e a sua actividade literária são traços importantes da sua arte. Activista da utilização urbana da bicicleta, que defende no seu livro “Bycicle Diaries”, desenhou inúmeros formatos de racks para o seu estacionamento. Na literatura já publicou 9 livros desde 1986, incluindo romance, ensaio e desenho. Com diversas passagens pelo nosso país, David Byrne é apaixonado por fado, tendo editado em 1996 na Luaka Bop o álbum “Amai”, do fadista Paulo Bragança.
Ativista, músico, escritor, produtor, radialista, artista plástico, David Byrne é um cidadão do mundo, um crítico social que ama profundamente a vida e as pessoas pois, tal como ele diz: We’re only tourists in this life. Only tourists, but the view is nice.”