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Sexta-feira, Novembro 1, 2024

David Martelo: no 25 de Abril sem saber que estava a desencadear uma revolução

J. A. Nunes Carneiro, no Porto
J. A. Nunes Carneiro, no Porto
Consultor e Formador

25 de Abril: Do Golpe Militar à Revolução na Forma Tentada  |  Edições Sílabo

Qual a ideia que esteve na origem deste seu livro «25 de Abril. Do Golpe Militar à Revolução na Forma Tentada»?

Conforme refiro na Introdução do livro, passados mais de quarenta e seis anos do dia libertador, estão já publicadas diversas obras sobre este tema, abrangendo estudos académicos, memórias, entrevistas e biografias. Não abundam, porém, obras que cubram o período que vai do início da conspiração até ao 25 de Novembro, sem estarem referidas, directa ou indirectamente, a uma determinada figura da Revolução – Presidente da República, 1.º Ministro, Conselheiro da Revolução, líder partidário, membros dos governos provisórios, deputados, etc.

Entendi, por isso, que, tendo sido contemporâneo e participante activo no Movimento dos Capitães, dispunha de conhecimentos e vivências que seriam muito úteis na elaboração deste texto. No entanto, essa ‘memória’ foi largamente completada por um intenso trabalho de investigação, pelo que seria errado dar-lhe a forma de “Memórias”.

Com a sua pesquisa, que factos novos ou conclusões inovadoras podemos conhecer sobre este período tão rico da história contemporânea de Portugal?

Não dispondo de uma quantidade de ‘segredos’ comparável aos já expressos pelas principais figuras da revolução, procurei apoiar-me nos jornais da época, emprestando ao texto uma característica inovadora – a recordação da revolução numa perspectiva muito próxima daquela que poderia ser a do cidadão comum contemporâneo dos acontecimentos. Deste modo, esta obra privilegia a memória do que foi público e segue uma linha que o autor pretendeu ser de fácil compreensão, pelo que resumiu ou se absteve totalmente de se espraiar pelos processos de descolonização, pelos meandros culturais daquela época e por outras questões de indiscutível importância, mas cuja inclusão não só a tornariam desnecessariamente longa como também poderiam distrair o leitor da orientação escolhida.

Esta obra é, também, um texto de História Militar. De facto, as Forças Armadas, apesar de imensas dificuldades e de múltiplos desvios, mantiveram sempre o nível suficiente de “Instituição” e a elas se devem todas as inflexões significativas ocorridas durante o período de transição, incluindo a determinação de cumprir a promessa de eleições livres.

Do seu ponto de vista, o 25 de Abril foi um golpe de Estado ou uma revolução?

Numa resposta curta a esta pergunta, poderei citar o que, a este propósito, afirmou o Conselheiro da Revolução Ernesto Melo Antunes: “A maioria dos oficiais participou num golpe militar, num pronunciamento militar, sem saber que estava a desencadear uma revolução”. Esta frase traduz, com bastante rigor histórico, o sentimento que, na época, dominava o espírito dos oficiais revoltosos. O ‘25 de Abril dos capitães’ foi uma revolta militar libertadora, seguida de uma intensa adesão dos portugueses, da qual resultou o início de uma revolução já não exclusivamente militar, mas sim com uma significativa participação popular.

David Martelo

25 de Abril: Do Golpe Militar à Revolução na Forma Tentada

Edições Sílabo. 25,50€


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