Notícias de diferentes naturezas como sejam: novidades do CERN, na Suíça, e da Alemanha que já tem a mesma tecnologia para produzir energia a partir da Fusão Nuclear; o anúncio da Suécia afirmando que será o primeiro país livre de combustíveis fósseis; a gravação de refugiados feitas a partir de um drone; o ataque ao avião russo reivindicado pelo Estado Islâmico e negado pela CIA; os ataques a Paris cuja autoria já não pode ser negada ao Estado Islâmico; a construção de uma Mesquita no coração de Lisboa; a necessidade da comunidade internacional – entenda-se, Bilderberg – na condução dos ministros portugueses das Finanças, da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, levam-me à seguinte reflexão:
- Começando pelos refugiados – um mar de gente a pé ao lado de forças policiais que se deslocam em carros e aviões, vigiados por drones – pergunto, não é isto estranho? Nem tão pouco que estas imagens passem nos canais de televisão? – É como se tudo isto fosse normal. Na verdade, não há nada de errado em fugir à guerra, em lutar pela família ou pela pátria, em lutar por causas. Não há nada de errado em desertar dessas mesmas causas quando elas colidem com o que somos intrinsecamente, porque, não há certo nem errado, nem bem nem mal. Há opções que num dado momento nos parecem as melhores. Se há milhões de euros para integrar estas pessoas porque não se utiliza esse dinheiro para as transportar em comboios ou aviões até ao país de destino? Porque são obrigadas a fazer milhares de quilómetros a pé ao frio, na neve ou sujeitos a naufragar? Repare-se, não estão a pedir refúgio clandestinamente. Este é um êxodo autorizado mundialmente, havendo quotas impostas e recompensas financeiras para quem os auxiliar. Porque se mascara o êxodo oficialmente aceite como um drama humano – tornando-o maior do que já é – como se as pessoas fossem um joguete nas mãos de alguém?! – Isto não vos parece errado? E nós, das nossas casas a comentar com medo do “desconhecido” também estará certo?!
- Se, por um lado, a Fusão Nuclear e o Hidrogénio estão a chegar ao nosso quotidiano, por outro, é necessário ter acesso fácil ao petróleo para que ele seja “mais barato que a uva“;
- Há um enorme oportunismo em tempo de crise e nada dá mais dinheiro que o armamento;
- Os mapas que circulam na internet e que colocam a Europa como alvo dos extremistas islâmicos, no que a Portugal e Espanha dizem respeito, correspondem ao passado, têm mais de 700 anos. A miscigenação já foi feita há muito tempo. Para os extremistas islâmicos a faixa de Portugal a Sul do Mondego e uma parte do Sul de Espanha são considerados área geográfica de influência islâmica e as suas populações – sangue do mesmo sangue – como família;
- Não é possível compreender o presente sem conhecer a história europeia dos últimos 100 anos. Por analogia, se, a Conferência de Berlim (1884) que dividiu África a régua e esquadro é o busílis de todas as guerras que se travam hoje naquele continente, os acordos entre Mark Sykes e Georges Picot, em 1916, na sequência dos acordos efetuados pelos ingleses com a Pérsia, primeiro através de Paul Reuters e depois através de Knox d’ Arcy, respectivamente, em 1872 e 1901, estão no cerne das guerras e das guerrilhas que hoje se travam no Médio Oriente (M.O.). Vejamos:
I. Em 1871, a Guerra Franco-Prussiana conduziu à perda da Alsácia-Lorena, da França para a Alemanha, uma região estratégica no centro da Europa rica em carvão e ferro;
II. Em 1882, a Tríplice Aliança entre o Império Alemão, o Império Austro-húngaro e o Reino de Itália criou um bloco de países aliados na Europa;
III. A Tríplice Entente, aliança militar entre o Reino Unido, a França e o Império Russo – precursora da Nato e do Pacto de Varsóvia – consolidou os três acordos bilaterais já existentes entre a Entente Anglo-Russa (1907), a Aliança Franco-Russa (1891) e a Entente Cordiale, entre a França e o Reino Unido (1904). Repare-se, não há aqui nenhum acordo possível com a Alemanha;
IV. Os acordos entre Britânicos e Persas, para a exploração de petróleo, por 60 anos, para neutralizar os Russos, levaram, em 1909, à criação da “Anglo-Persian Oil Company” (actual BP) pela “Burmah Oil”, e à construção, em apenas um ano, de um oleoduto com 225 quilómetros que atravessando duas cadeias montanhosas e uma planície desértica que culmina numa refinaria fronteira ao Iraque;
V. Para os ingleses era imperioso o controle sobre o petróleo, porque os programas navais de 1912-1914 contra a potência alemã dependiam de navios movidos a esse combustível e para isso era preciso controlar o M.O. Em 1912, com o objetivo de explorar as reservas dos campos petrolíferos iraquianos, o Banco Nacional da Turquia cria a Turkish Petroleum Company, detida pela Royal Dutch-Shell (25%), pelo Banco Nacional da Turquia (35%), pelo Deutsche Bank (25%) e por Calouste Gulbenkian (15%). No início de 1914 (pouco antes da IGM) a Anglo-Persian Oil Company (actual BP), reivindicou – com apoio do Governo Britânico – a concessão petrolífera iraquiana. Para apaziguar a Anglo-Persian Oil Company, Calouste Gulbenkian cedeu reduzir a sua quota para 5%. O fim da IGM e do Império Otomano levou à transferência dos 25% da TPC detidos pelo Deutsche Bank para uma empresa francesa criada especialmente para este fim, a Compagnie Française des Pétroles (CFP, hoje TOTAL). Entretanto, os campos de petróleo iraquianos acabariam dentro do novo mandato britânico do Iraque, onde a TPC conseguiu assegurar uma concessão em 1925;
VI. O acordo secreto “Sykes-Picot” – tornado público por Lenine em 1917 – inicialmente, entre a França e o Reino Unido – posteriormente ampliado à Itália e à Rússia – definiu a influência destes países no M.O. O Reino Unido recebeu a Jordânia, o Iraque e uma área em torno de Haifa. A França o Sudeste da Turquia, a Síria, o Líbano e o Norte do Iraque. A Itália algumas ilhas do Egeu e uma área no sudoeste da Anatólia. A Rússia ficou com a Arménia e o Curdistão. As potências ficaram livres para definir as fronteiras dentro destes territórios. Ou seja, as grandes potências ultramarinas do Séc. XVIII e XIX, reafirmaram a sua influência naqueles que tinham sido os seus territórios coloniais. A excepção foi a Palestina que ficou sob administração internacional. O acordo Sykes-Picot reflete: a necessidade do apoio árabe aos países da Tríplice Entente, pelo que foi prometido um mundo árabe livre e independente na Península Arábica, e o acordo com a comunidade judaica do Reino Unido, razão pela qual foi prometido à Federação Sionista, através da Declaração Balfour, o estabelecimento do Lar Nacional Judeu na Palestina, caso a Inglaterra derrotasse o Império Otomano.
Em suma: os conflitos do séc. XIX culminaram em pactos e alianças e estes conduziram-nos à I Guerra Mundial, que, por sua vez, criou, em 1919, a Sociedade das Nações. Não tendo esta organização evitado a II GM; em 1945 esta Instituição foi transformada na ONU. A que se juntou a União Europeia que gostaria de vir a ter um exército supra nacional e um controlo fronteiriço eficaz; mais, uma Aliança para o Atlântico Norte que por sua vez impulsionou a criação do Pacto de Varsóvia a Leste e, ambas, fazem hoje, pouco sentido.
Voltando ainda aos refugiados e às instituições internacionais, compreenda-se o seguinte: é absurdo a ingerência na soberania dos Estados obrigando-os a aceitarem uma quota de refugiados, como se pessoas fossem bens transaccionáveis. Quem se ingere na soberania é uma instituição sem soberania própria e o poder que tem é-lhe conferido pelos Estados Membros. Ou seja, de uns sobre os outros, porque afinal há uns para quem a soberania vale mais do que para outros. Os teóricos do Direito Internacional Público dirão que “é por isso que precisamos de instituições internacionais sólidas que decidam à margem da conveniência dos Estados soberanos“… Pois, eis o paradoxo da soberania! Mal pergunto, qual é a instituição internacional que precisa de ser reforçada com poderes legislativos e bélicos e que ao sê-lo se torna uma força dissuasora da Guerra?
O medo e o ódio contra os refugiados só contribuí para alimentar os bolsos de pessoas que se alimentam das desgraças, das guerras e das divisões. O que vejo é um cenário macroeconómico mundial que nos obriga a ir para “uma espécie de” terceira guerra mundial a qual já está controlada por algumas potências – caso contrário não faria sentido o atentado ao avião Russo por parte do Estado Islâmico e a negação do mesmo pela CIA – afinal, está por resolver a questão da Palestina e dos Judeus e, se algumas potências querem que o combustível fóssil tenha os dias contados, outras nem por isso.
Enquanto o mundo rodopia, toldados por emoções e sentimentos, deixamos-nos levar por uma trajectória há muito definida e recordo-me de Tao Te King que advoga o “Caminho do Meio”, o caminho de fazer não fazendo. Como se o melhor lugar do mundo fosse o centro do olho do furacão a ver o carrossel a girar em toda a plenitude mas sem nele participar.
Portugal deverá – como na II GM – ao nível internacional, manter a neutralidade e não beligerância, mas também, saber reivindicar os despojos de guerra – que no caso chamam-se “refugiados” – e, ao mesmo tempo, manter as boas relações com o lado islâmico da nossa consanguinidade. Assim, justifica-se o acolhimento de 4 mil refugidos – com a compensação financeira que chegará depois da venda do armamento que serve para fazer esta “guerra” e da indemnização imposta a um ou dois países – bem como a construção de uma segunda Mesquita na zona histórica de Lisboa chamada Mouraria. Para isto, ao nível da politica doméstica, é preciso que o XXI Governo Constitucional seja empossado como garante da estabilidade internacional – neste Portugal detentor de uma base área no meio do Atlântico e da terceira maior ZEE da Europa e, simultaneamente, um potencial produtor de gás natural. Para a comunidade internacional importa saber se o PS, o PCP e o BE terão capacidade de manter os acordos já em vigor ou farão como Lenine? – Isto, obviamente, não diz nada aos concidadãos cuja preocupação é pagar a casa e alimentar os filhos.
Há que separar a tragédia humana daquilo a que chamamos politica e que nada tem a ver com o ELEVADO ACTO DE CUIDAR E GERIR A CIDADE E O PAÍS. Esse serviço à comunidade tem sido conspurcado por interesses de alguns e não dos povos que compõem as nações, e isto é tão válido para a politica doméstica como internacional. Pela primeira vez na história “despojos” de guerra foram divididos às claras ainda antes desta ter “supostamente” começado. Os media fizeram bem o seu trabalho, deixaram o mundo ocupado com telenovelas, jogos de futebol, rugby, basquet e uma onda de refugiados. Para haver paz é preciso haver guerra, mas para haver guerra é preciso guerrilheiros. Quando os guerrilheiros pousarem as armas e se abstiverem de guerrear algo muda no mundo, mas para isso é preciso que cada um de nós pare de guerrear nem que seja consigo mesmo, porquanto tudo o que se passa no mundo macro é igual ao que se passa no mundinho microcósmico dentro de nós! Afinal qual é o real problema desta humanidade? – O seu grande sentido egoíco, que arde de presunção, orgulhosamente só!
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